Pesquisadores chineses fizeram mais uma nova descoberta ao estudar os dados adquiridos pelo rover Zhurong em Marte que confirmam que as atividades de vento e areia na superfície marciana registraram mudanças no antigo ambiente do planeta. A descoberta, segundo os cientistas, pode fornecer informações para prever futuras mudanças climáticas na Terra.
Os resultados da pesquisa foram publicados online na revista científica Nature na última quinta-feira (6), de acordo com o Projeto de Exploração Lunar da China (Clep, da sigla em inglês), em sua conta oficial no WeChat nesta segunda-feira (10).
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Entre os planetas do sistema solar, Marte é considerado o mais similar à Terra. Os cientistas acreditam que o estado atual e a história evolutiva de Marte podem representar o "futuro da Terra". Portanto, o estudo da evolução climática marciana tem sido um tópico de grande interesse, e a atividade de vento e areia moldou a ampla distribuição de dunas de areia na superfície marciana.
"As atividades de vento e areia podem ser consideradas como registros das características da evolução tardia e do ambiente climático recente de Marte, bem como do processo de sua mudança climática. No entanto, devido à falta de observações científicas detalhadas e sistemáticas in situ e em curta distância, ainda sabemos muito pouco sobre esse processo", disse Li Chunlai, pesquisador do Observatório Astronômico Nacional da China, Academia Chinesa de Ciências.
Para abordar essa questão científica, os pesquisadores usaram câmeras de alta resolução, câmeras de navegação em terreno e câmeras multiespectrais, entre outras, no rover Zhurong para conduzir investigações conjuntas de sensoriamento remoto e de curta distância na área de pouso no Planeta Vermelho.
Por meio de uma análise aprofundada, os pesquisadores descobriram evidências significativas de mudanças no regime de vento na área de pouso de Zhurong.
As evidências mostram uma boa consistência com as camadas de cobertura de gelo e poeira encontradas em altas latitudes em Marte, indicando que a área de pouso de Zhurong pode ter passado por duas grandes fases climáticas marcadas por mudanças na direção do vento, com uma mudança de quase 70 graus de nordeste para noroeste.
A acumulação de vento e areia transformou-se de dunas brilhantes em formato de crescente para cristas de areia escuras e longitudinais.
Essa mudança climática ocorreu aproximadamente há 400 mil anos, no final da última era do gelo em Marte, segundo os cientistas do Clep. Acredita-se que tenha sido causada por variações na inclinação axial de Marte, o que resultou em uma transição climática global de uma era do gelo para um período interglacial.
Li afirmou que essa pesquisa contribui para nossa compreensão da história climática antiga de Marte, fornecendo uma nova perspectiva para o estudo do clima antigo do planeta e importantes restrições para simulações climáticas globais. Ela pode até mesmo fornecer insights para a futura evolução climática da Terra, concluiu Li.
Missão chinesa em Marte
O Zhurong é o primeiro rover chinês um Marte, o primeiro do país a pousar em outro planeta após já ter pousado dois rovers na Lua. Faz parte da missão Tianwen-1 a Marte realizada pela Administração Nacional do Espaço da China (CNSA, na sigla em inglês).
A espaçonave foi lançada em 23 de julho de 2020 e inserida na órbita marciana em 10 de fevereiro de 2021. A sonda, transportando o rover, realizou um pouso suave em Marte em 14 de maio de 2021, tornando a China o terceiro país a realizar um pouso suave de uma espaçonave no planeta vermelho e o segundo a implantar um rover em Marte, após os Estados Unidos.
Projetado para uma vida útil de 90 sóis (93 dias terrestres), Zhurong ficou ativo durante 347 sóis e está inativo desde 20 de maio de 2022 devido à aproximação de tempestades de areia e ao inverno marciano, aguardando seu auto-despertar em uma temperatura e condição de luz solar adequadas
Com informações do Global Times