CHINA EM FOCO | CRISE EM TAIWAN

Reunificação de Taiwan é irreversível, aponta relatório do governo da China

'White paper' divulgado nesta quarta pelos gabinetes de Assuntos de Taiwan e de Informação do Conselho de Estado chinês afirma que reunificar o território insultar é um processo histórico irreversível

Créditos: CGTN - Reunificação de Taiwan é um processo histórico irreversível, afirma documento do Conselho de Estado da China
Escrito en GLOBAL el

O Gabinete de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado e o Gabinete de Informação do Conselho de Estado da China publicaram um 'white paper' nesta quarta-feira (10) intitulado "A questão de Taiwan e a reunificação da China na nova era". O documento foi divulgado  após as tensões desencadeadas pela visita provocativa da presidenta da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, ao território insular na semana passada. 

Um 'white paper' é um relatório que consolida informações de forma concisa. O que foi divulgado pelo governo chinês demonstra a determinação do Partido Comunista da China (PCCh) e do povo chinês com o compromisso com a reunificação nacional.

O documento foi publicado na esteira da escalada das tensões no Estreito de Taiwan e dos exercícios militares do Exército de Libertação Popular (ELP) contra os separatistas e a interferência estrangeira. Serve de alerta para as autoridades de Taiwan e para as forças externas e mostra que a China continental é forte para resolver a questão no novo cenário.

"Somos uma China, e Taiwan é parte da China. Este é um fato indiscutível apoiado pela história e pela lei. Taiwan nunca foi um estado; seu status como parte da China é inalterável", declara o relatório, que também observa que o PCCh está comprometido com a missão histórica de resolver a questão do território insular e realizar a reunificação completa da China.

"A realização da reunificação nacional completa é impulsionada pela história e cultura da nação chinesa e determinada pelo impulso e circunstâncias que cercam nosso rejuvenescimento nacional", assegura o 'white paper'. 

"Nunca estivemos tão perto, confiantes e capazes de alcançar o objetivo do rejuvenescimento nacional. O mesmo acontece quando se trata do nosso objetivo de reunificação nacional completa", acrescentou.

O documento é o terceiro 'white paper' da China sobre a questão de Taiwan. As edições anteriores foram "A questão de Taiwan e a Reunificação da China", The Taiwan Question and Reunification of China", de 1993; e "O princípio Uma só China e a Questão de Taiwan", de 2000. 

Como nas edições anteriores, o terceiro relatório sobre o tema mais uma vez enfatizou que a reunificação pacífica e "um país, dois sistemas" são os princípios básicos da China para resolver a questão de Taiwan e a melhor abordagem para realizar a reunificação nacional. O documento ressalta que as diferenças no sistema social no continente e em Taiwan "não são um obstáculo à reunificação nem uma justificativa para o secessionismo".

Confira o white paper na íntegra (em inglês)

Contramedidas sobre a visita de Pelosi à região de Taiwan são um alerta necessário

Ministério das Relações Exteriores da China: Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin.

As contramedidas da China em resposta à visita da presidenta da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, à região de Taiwan são uma defesa legítima da soberania e segurança nacionais, que são completamente "justificadas, razoáveis ??e legais". A declaração foi feita pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, nesta terça-feira b)9).

Wang fez as observações em resposta às alegações de algumas autoridades de Taiwan de que a China tem usado a visita da parlamentar estadunidense como desculpa para realizar exercícios militares. "As contramedidas são um alerta necessário contra as provocações feitas pelas forças separatistas dos EUA e da "independência de Taiwan", rebateu o porta-voz.

"Há apenas uma China no mundo, e Taiwan é uma parte inalienável do território chinês. O governo da República Popular da China é o único governo legal que representa toda a China", acrescentou Wang.

Wang destacou ainda que os exercícios militares da China em torno de sua ilha de Taiwan são "abertos, transparentes e profissionais". Ele ressaltou que os exercícios são consistentes com as leis domésticas e internacionais, bem como com as práticas internacionais estabelecidas. "vIsso serve como uma mensagem de alerta aos provocadores e também é um movimento legítimo para salvaguardar nossa soberania e integridade territorial", finalizou.

Relações China e EUA sobre a questão de Taiwan enfrentam incerteza e instabilidade

ELP - Avião-tanque YU-20 da Força Aérea da China decola para uma missão conjunta de bloqueio ao redor da ilha de Taiwan (9/8/22).

As relações entre China e EUA sobre a questão de Taiwan enfrentam crescente incerteza e instabilidade. Existe a expectativa de possíveis movimentos mais radicais de Washington no apoio às forças separatistas do território insular por meio de mais vendas de armas e treinamento militar, além de incitar mais políticos ocidentais a visitar a ilha. 

De acordo com o membro sênior do Instituto de Estudos Internacionais da China, Yang Xiyu, ouvido pelo jornal chinês Global Times, as duas potências têm enfrentado altos riscos de erro de cálculo e até crise, já que vários canais de comunicação bilaterais foram cancelados.

Do lado chinês, o Exército de Libertação Popular (ELP) prossegue os exercícios militares em torno da ilha de Taiwan. Uma série de contramedidas comerciais foram anunciadas contra Taiwan. Espaços de diálogo com Washington foram cortados em diversos temas, inclusive militares. Há uma força-tarefa da diplomacia chinesa mundo afora para contextualizar a questão. O Conselho de Estado acaba de veicular um relatório enfático: a reunificação é um processo histórico inevitável.

Já o governo estadunidense tem emitido comentários "passivos". Como a declaração do presidente Joe Biden, na segunda-feira (8), de que estaria preocupado com os exercícios militares da China, sem, contudo, abordar a causa raiz da escalada das tensões no Estreito de Taiwan ou considerar as consequências de movimentos imprudentes, a falha mais fatal na política de Biden para a China, aponta Yang.

Com relação ao possível movimento de forças militares dos EUA na região, como envio de navios de guerra, Yang avalia que seria mais um movimento "simbólico e barato". Para o analista, serviria para pacificar políticos estadunidenses, separatistas da ilha e forças anti-China. "Mas o ELP se preparou totalmente, não importa como os EUA flexionarão seus músculos", afirmou.

De volta para casa, Nancy Pelosi enfrenta manifestações pró-China

Pivot to Peace - Americanos se reúnem em frente ao JFK Federal Building em Boston exigindo que Nancy Pelosi renuncie (8/8/22)

Ao encerrar a viagem à Ásia na última sexta-feira (5), com um roteiro que incluiu o território chinês de Taiwan da China, a presidenta da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, afirmou que retornava aos EUA "inspirada". Mas a visita à ilha chinesa deixou um rastro de raiva e frustração na região Ásia-Pacífico que ecoaram também em solo estadunidense.

Nesta segunda-feira (8), a cidade de Boston, no estado estadunidense de Massachusetts, sediou uma manifestação em frente ao JFK Federal Building. Com a participação de várias organizações não-governamentais estadunidenses antiguerra, entre elas Pivot to Peace, Answer Coalition e Boston Liberation, em conjunto com integrantes da comunidade sino-americana, o protesto exigia a renúncia de Pelosi e que a parlamentar pare de inflamar uma guerra potencial com a China e, em vez disso, concentre-se nos problemas reais que o povo dos EUA enfrenta.

Segurando cartazes com os dizeres "US Hands off Taiwan" (EUA, tirem as mãos de Taiwan, em tradução livre) e "Stop the Provocations on China" (pare de provocar a China, em tradução livre), os manifestantes expressaram  indignação com a visita de Pelosi à Taiwan em flagrante desrespeito aos antigos acordos EUA-China, que eles consideravam teria um impacto severo na base política das relações entre os dois países. 

Com informações da Xinhua, CGTN e Global Times