CRISE CLIMÁTICA

Lula alerta em reunião da ONU: "Paira sobre o oceano a ameaça do unilateralismo"

"Não podemos permitir que ocorra com o mar o que aconteceu no comércio internacional", destacou presidente em evento sobre oceanos com apelo à governança multilateral

Créditos: Foto por LUDOVIC MARIN / AFP
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva denunciou nesta segunda-feira "a ameaça do unilateralismo" que ameaça os oceanos, apontando implicitamente para o desejo dos Estados Unidos de explorar os minerais submarinos, na conferência da ONU sobre o tema que acontece em Nice, no sudeste da França.

"Hoje paira sobre o oceano a ameaça do unilateralismo. Não podemos permitir que ocorra com o mar o que aconteceu no comércio internacional", disse Lula, que pediu "apoio à firme" atuação da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos, no momento em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, planeja autorizar unilateralmente a exploração industrial de minerais no fundo do Oceano Pacífico.

Proteção marinha

"É impossível fala de desenvolvimento sustentável sem incluir o oceano, sem protegê-lo. Não há como combater a mudança do clima. Três bilhões de pessoas dependem diariamente de recursos marinhos para sua sobrevivência. Oceano é o maior regulador climático do planeta em função de toda a cadeia de vida que ela abriga", afirmou o presidente.

O presidente reforçou a importância de fortalecer a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos, atualmente liderada pela cientista brasileira Letícia de Carvalho, e criticou os entraves à criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul, atribuídos por ele a interesses “escusos”.

Durante a conferência, o presidente Lula reiterou o empenho do Brasil em ratificar, ainda em 2025, o Tratado do Alto Mar, e anunciou sete compromissos voluntários em favor da saúde dos oceanos. Entre as medidas, destacam-se a ampliação das áreas marinhas protegidas de 26% para 30% até 2030, programas voltados à preservação de manguezais e recifes de corais, e o lançamento de uma estratégia nacional de combate à poluição plástica.

Em seu discurso, Lula advertiu que “o oceano está febril”, citando estudos que apontam um aumento anormal da temperatura média marinha em apenas um ano — um salto comparável ao registrado em quatro décadas anteriores. O presidente responsabilizou o uso persistente de combustíveis fósseis e a presença massiva de plástico nos mares, que responde por 80% da contaminação.

Veja a entrevista completa

 

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