A família de Juliana Marins, jovem brasileira que morreu depois de cair na trilha do vulcão Rinjani, na Indonésia, foi à Justiça com objetivo de obter autorização para realizar uma nova autópsia no corpo da jovem.
“Com o auxílio do Gabinete de Gestão Integrada de Segurança (GGIM) da Prefeitura de Niterói, acionamos a Defensoria Pública da União (DPU-RJ), que imediatamente fez o pedido na Justiça Federal solicitando uma nova autópsia”, desclarou Mariana Marins, irmã de Juliana, em entrevista ao G1.
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A motivação para o pedido, de acordo com a defensora Taísa Bittencourt Leal Queiroz, responsável pela solicitação à Justiça Federal, é a “ausência de esclarecimento sobre a causa e o momento exato em que a vítima morreu”. No despacho, ela deixou claro que deseja que a perícia seja feita no máximo seis horas após a chegada do corpo de Juliana ao Rio de Janeiro.
Porém, o Plantão Judiciário da Justiça Federal decidiu não analisar o pedido, que será avaliado pelo juiz responsável pelo caso, que tinha sido sorteado previamente.
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O corpo de Juliana ainda está na Indonésia, aguardando o translado. Também nesta segunda-feira (30), a Defensoria Pública da União encaminhou ofício pedindo que a Polícia Federal instaure um inquérito para investigar o caso.
Mariana já havia criticado o modo como as autoridades da Indonésia divulgaram o laudo da autópsia realizada no corpo, que apontou que a brasileira morreu de “fraturas múltiplas e lesões internas”, não teve hipotermia e sobreviveu por 20 minutos após o trauma.
“Os indícios mostram que a morte foi quase imediata. Por quê? Devido à extensão dos ferimentos, fraturas múltiplas, lesões internas — praticamente em todo o corpo, incluindo órgãos internos do tórax. [Ela sobreviveu por] menos de 20 minutos", afirmou o legista do Hospital Bali Mandara, na Ilha de Bali, Bagus Putu Alit. O médico, no entanto, não soube precisar quando teria ocorrida a queda que motivou a morte da brasileira.
"Juliana hoje também teve o resultado da autópsia e que também foi outro caos, outro absurdo. Minha família foi chamada lá no hospital pra poder receber o laudo, porém, antes que eles chegassem, antes que eles tivessem acesso a esse laudo, o médico legista achou de bom tom fazer uma coletiva de imprensa pra falar pra todo mundo que estava dando laudo, em vez de falar pra família antes. Então, assim, é absurdo atrás de absurdo e não acaba mais", criticou Mariana.
No início do vídeo, Mariana voltou a dizer que "minha irmã não resistiu ao descaso, à negligência, a tudo que aconteceu com ela lá na montanha" e agradeceu "todo o carinho, todos os abraços, todos os corações que vocês deixaram aqui pra gente e compartilharam com a gente durante esse período", no vídeo publicado, na noite desta sexta-feira (27), no perfil criado pela família para divulgar informações sobre o resgate.
O que disse autoridade da Indonésia
Somente no sábado (28) uma autoridade política da Indonésia se manifestou a respeito da morte trágica de Juliana. Lalu Muhamad Iqbal, que governa a província de Sonda Ocidental, onde fica o vulcão Rinjani, publicou um vídeo no qual admitiu falta de estrutura na tentativa de resgate da brasileira. Ele também informou que vai rever os procedimentos de salvamentos.
“Carta aberta para meus irmãos e irmãs brasileiros” foi o título da mensagem. Iqbal atribuiu o atraso no resgate à chuva e à neblina densa, mas admitiu que a região não dispõe de estrutura adequada para esse tipo de operação.
“Quero assegurar que, desde o primeiro momento em que fomos informados do acidente, nossa equipe de resgate agiu com urgência e dedicação. Eles arriscaram a própria segurança para cumprir sua missão”, disse o governador.
“O terreno arenoso próximo ao local criou riscos extremos para os dois helicópteros que mobilizamos, pois a entrada de areia nos motores tornava as operações de resgate aéreo inseguras. Reconhecemos que o número de profissionais certificados em resgate vertical ainda é insuficiente e que nossas equipes ainda carecem de equipamentos avançados para esse tipo de missão”, continuou.
O político acrescentou que a infraestrutura de segurança ao longo da trilha do Rinjani “precisa ser aprimorada, já que essa montanha deixou de ser apenas um destino de trilha para se tornar uma atração turística internacional”.
“Com essa consciência, estou totalmente comprometido, como governador, a iniciar uma revisão abrangente com todos os envolvidos na região do Rinjani”, completou.
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