O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou que o Reino Unido está pronto e “blindado” para a guerra e que, até 2035, as Forças Armadas de seu país serão “10 vezes mais letais”. A fala ocorreu durante uma apresentação de relatório na Escócia, nesta segunda-feira (2).
“Três mudanças fundamentais que vamos entregar: primeiro, nos movemos para um estado de prontidão para combate, como o propósito central de nossas Forças Armadas. Quando estamos sendo diretamente ameaçados por estados com forças militares avançadas, a forma mais eficaz de detê-los é estar pronto. E, francamente, para mostrar que estamos prontos para levar a paz por meio da força”, anunciou o primeiro-ministro britânico.
Starmer ainda oficializou o aumento real de salário aos membros das Forças Armadas britânicas. “Vamos construir uma Força Armada mais integrada, pronta e letal que nunca”, completou.
A fala ocorre em um momento de elevada tensão da Europa ocidental com a Rússia, e a ascensão da China – o que o ministro classificou como uma “nova era de ameaças”. Starmer ainda anunciou a abertura de seis novas fábricas de munição e a construção de 12 novos submarinos, drones, e implementação de Inteligência Artificial (IA), por meio do documento de revisão de defesa estratégica (SDR).
O SDR possui 130 páginas, e foi elaborado pelo governo britânico por meio de uma equipe liderada pelo ex-chefe da OTAN, George Robertson. São, ao todo, 62 recomendações incluídas, entre elas: a construção e fortalecimento de submarinos de ataque com base na parceria do Aukus (Austrália-Reino Unido-EUA); aquisição de até 7 mil armas de longo alcance; abertura de seis novas fábricas de munições; criação de uma equipe de especialistas em cibersegurança e tecnologia; e o ensino do Exército para alunos para “reconectar as Forças Armadas com a sociedade”.
Durante o evento, Starmer ainda voltou a falar sobre ciberataques russos: “A Rússia já está ameaçando nossos céus e águas, e ameaçando com ataques cibernéticos, então é uma ameaça real com a qual estamos lidando”, afirmou.
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Entenda
A retórica adotada por Starmer e o foco do novo plano de defesa também reacendem o debate sobre a russofobia no Ocidente. Para críticos, o reforço militar britânico, justificado em grande parte pela “ameaça russa”, contribui para a escalada da hostilidade e alimenta uma narrativa que reforça estigmas contra a Rússia e seu povo.
Contudo, embora existam preocupações legítimas de segurança, a generalização do país como inimigo central, a exemplo do que ocorreu durante a queda de energia na Europa no fim de abril, pode intensificar tensões diplomáticas e comprometer canais de diálogo em um momento em que o equilíbrio geopolítico já é extremamente delicado.