Neste domingo (29), o Exército de Israel emitiu novas ordens de evacuação para bairros da Faixa de Gaza e áreas do norte do território, sinalizando que deve retomar ataques em regiões já parcialmente destruídas em ofensivas anteriores. Os moradores foram orientados a se deslocar para o sul, em meio a alertas de intensificação dos combates.
Trump pressiona por trégua e liberdade para reféns
Enquanto isso, o presidente os EUA, Donald Trump, voltou a pressionar publicamente por um acordo de cessar-fogo que inclua a libertação de reféns mantidos pelo Hamas desde o ataque de outubro de 2023. Em uma postagem na rede social Truth Social, da qual é o dono, Trump escreveu em letras maiúsculas:
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“FAÇAM O ACORDO EM GAZA. TRAGAM OS REFÉNS DE VOLTA!!! DJT”, reforçando o apelo para que o governo israelense e os países mediadores cheguem a um entendimento.
Trump chegou a afirmar que um acordo poderia ser fechado “dentro de uma semana”, mas não apresentou detalhes concretos que sustentem essa previsão, nem explicou em que estágio estariam as negociações.
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A declaração foi feita poucas horas depois de ele defender publicamente o cancelamento do julgamento por corrupção contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, alegando que o processo atrapalharia conversas de bastidores com o Hamas.
Negociações continuam sem avanços
Apesar do tom otimista de Trump, autoridades israelenses e fontes diplomáticas ouvidas pela imprensa afirmam que, até agora, não houve avanços reais na retomada das negociações. Israel e Hamas não mantêm diálogo direto — a mediação costuma ocorrer por meio de países como Catar e Egito — mas, até o momento, não há registro de novas rodadas formais. Ainda assim, diplomatas não descartam que possam estar ocorrendo conversas reservadas de alto nível.
Em Israel, Netanyahu também enfrenta forte pressão interna para negociar uma trégua. Mesmo assim, o impasse continua: o Hamas exige a retirada completa das tropas israelenses de Gaza e o fim definitivo da guerra, com garantias internacionais, enquanto Israel condiciona o fim da ofensiva à rendição, desarmamento e exílio da liderança do grupo — condições rejeitadas pelo Hamas.
No meio desse cenário, Netanyahu conseguiu adiar em uma semana seu depoimento no julgamento por corrupção, alegando questões de segurança nacional e negociações sensíveis como justificativa. Inicialmente, o tribunal havia negado o adiamento, mas, neste domingo, juízes concordaram em analisar o pedido, considerando a evolução da situação política e militar.
MSF denuncia “abate disfarçado de ajuda”
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) voltou a denunciar, na última sexta-feira (27), a atuação da Fundação Humanitária de Gaza (GHF) — um programa conjunto entre EUA e Israel que distribui até 2,6 milhões de refeições diárias, cobrindo apenas cerca de 2% da população local.
Para a MSF, o esquema é um “abate disfarçado de ajuda humanitária”, já que os pontos de distribuição funcionam como “armadilhas de morte” — cercados por arame farpado, barreiras e soldados, onde multidões se aglomeram em filas únicas, gerando tumultos e confrontos que já deixaram centenas de mortos e feridos por tiros.
A ONG denuncia que esse modelo viola os princípios de neutralidade, independência, imparcialidade e humanidade, expondo principalmente crianças, idosos e pessoas com deficiência, que muitas vezes não têm condições de carregar cestas pesadas ou se proteger em meio ao caos.
Para a MSF, a única solução é desmantelar imediatamente o sistema atual e retomar uma ajuda coordenada por agências como a ONU, com pontos de distribuição descentralizados e mais seguros para proteger os civis.
Conflito segue como um dos mais letais
A guerra em Gaza já dura mais de 630 dias, sendo uma das mais longas e mortais da história de Israel. De acordo com autoridades locais, mais de 56 mil palestinos morreram desde o início da ofensiva, mais da metade mulheres e crianças.