O deputado democrata Jim McGovern se desentendeu com o jornalista bolsonarista Paulo Figueiredo, que denunciou uma suposta perseguição e repressão política no Brasil em audiência promovida pela Comissão de Direitos Humanos Tom Lantos, no Congresso dos Estados Unidos, nesta terça-feira (24). McGovern rebateu o jornalista, que também é neto do ditador João Baptista Figueiredo e braço direito do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos EUA, dizendo que nem ele, como político, se sentia seguro nos EUA e que também existe repressão contra parlamentares na terra do Tio Sam.
“Fico feliz que você se sinta seguro como jornalista nos Estados Unidos. Eu, como político, estou tentando me sentir seguro aqui”, respondeu McGovern, após Figueiredo afirmar que se considera mais livre nos EUA do que no Brasil para exercer a profissão. “Políticos aqui também são reprimidos e correm risco de vida”, rebateu o deputado McGovern durante a discussão.
A audiência, dedicada ao tema da repressão transnacional, discutia ações de governos estrangeiros contra dissidentes no exterior. E a tensão se acentuou quando Figueiredo, que ataca ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), questionou o deputado: “Tem algum político preso nos EUA?”.
McGovern respondeu de forma firme, mencionando o recente caso do senador democrata Alex Padilla, que foi algemado ao tentar interpelar uma autoridade sobre política migratória, e também o assassinato da presidente da Câmara de Representantes de Minnesota, Melissa Hortman, dois dias depois do ocorrido. “Políticos aqui também são reprimidos e correm risco de vida”, respondeu o deputado McGovern.
Paulo Figueiredo ataca Moraes e pede sanções do Congresso americano
Convidado como testemunha, Paulo Figueiredo abriu sua fala afirmando viver sob “perseguição política desde 2019”, quando foi alvo de uma ordem de prisão preventiva da Justiça brasileira e entrou na lista vermelha da Interpol. Chamou o Brasil de “ditadura” e o ministro Alexandre de Moraes, do STF, de “tirano”.
Figueiredo solicitou ao Congresso dos EUA que avalie sanções contra Moraes com base na Lei Magnitsky, que permite aos Estados Unidos punir autoridades estrangeiras acusadas de violações de direitos humanos. Segundo ele, o ministro estaria censurando cidadãos estadunidenses — uma referência à atuação do magistrado em decisões tomadas contra desinformação e atos antidemocráticos, que envolvem brasileiros residentes nos EUA.
O jornalista é um dos 34 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por envolvimento na tentativa de golpe de Estado investigada pelo Supremo Tribunal Federal.