Vidkun Quisling nasceu em 1887, na Noruega, e seguiu carreira militar desde jovem. Serviu como adido em São Petersburgo e Helsinque, participou de missões humanitárias na Rússia e, mais tarde, atuou como representante informal dos interesses britânicos em Moscou. Na década de 1930, ocupou o cargo de ministro da Defesa, ganhando notoriedade por reprimir greves e demonstrar forte oposição a movimentos trabalhistas.
Em 1933, fundou o partido fascista Nasjonal Samling, com discurso ultranacionalista e anticomunista. Apesar de não conseguir eleger-se para o Parlamento, conquistou visibilidade suficiente para atrair atenção internacional. Dois anos depois de se reunir com Adolf Hitler, defendeu a ocupação da Noruega por tropas nazistas. Quando a invasão aconteceu, em 1940, aproveitou o vácuo de poder para declarar-se chefe de governo.
Seu regime durou apenas alguns dias, mas ele seguiu colaborando com os ocupantes. Em 1942, foi nomeado oficialmente “ministro-presidente” pelo comissário alemão Josef Terboven. Durante seu governo, tentou alinhar instituições religiosas, educacionais e culturais aos ideais nazistas — enfrentando forte resistência interna. Também foi responsável pela deportação de quase mil judeus noruegueses para campos de concentração. Após a libertação do país, foi preso, condenado por traição e executado em outubro de 1945.
Quando o sobrenome vira xingamento
O nome Quisling ultrapassou a história pessoal do político norueguês. Por conta de sua colaboração direta com o regime nazista, o termo foi rapidamente adotado, sobretudo por veículos de imprensa britânicos, como o The Times, como sinônimo de “traidor” ou “colaborador do inimigo”.
Desde então, “quisling” passou a ser usado em diversos idiomas — inclusive dicionarizado no inglês e no norueguês— para descrever figuras públicas que se aliam a potências ocupantes ou traem os interesses de seu próprio povo. O termo ganhou força especialmente após o fracassado golpe liderado por Quisling em 1940, quando tentou assumir o controle do país em benefício das tropas alemãs.
Além da forma substantiva, também chegou a surgir o verbo “to quisle”, embora esse uso tenha desaparecido com o tempo. Já o substantivo continua presente até hoje, carregando o peso simbólico de uma traição tão impactante que redefiniu um nome próprio como insulto político.