IMPÉRIO EM CRISE

Invasão dos EUA pelos Estados Unidos causa comoção nacional

Milhares vão às ruas contra governo Trump

Tanques desembarcam nos arredores de Washington para um desfile militar.
Simbólico.Tanques desembarcam nos arredores de Washington para um desfile militar.Créditos: Pentágono
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Os moradores da California estão sentindo agora, pela primeira vez, o gostinho do que já experimentaram dezenas de países que foram alvo dos Estados Unidos: um desembarque de fuzileiros navais, de uma força externa, para "impor ordem".

A decisão do presidente Donald Trump de despachar 700 fuzileiros navais para proteger prédios públicos federais, sem concordância de autoridades locais, está causando uma crise institucional sem precedentes nos EUA.

Os Marines são uma tropa muito simbólica do poderio estadunidense, por terem desempenhado papel chave em combates no Exterior, inclusive no Vietnã e na invasão do Iraque.

Também desafiando autoridades locais, Trump já havia convocado 2000 homens da Guarda Nacional para reprimir manifestações contra o  Immigration and Customs Enforcement (ICE), a polícia encarregada pela Casa Branca de prender e deportar em massa imigrantes ilegais.

As ações do ICE são inusitadas, uma vez que tem acontecido na cozinha de restaurantes e em outros locais de trabalho. Em geral, as polícias locais dos EUA não se envolvem em questões de imigração. É pouco comum que um policial peça documentos a uma pessoa na rua, a não ser que faça isso com base em alguma suspeita sólida.

O governo Trump tem atropelado as leis. Mandou prender a juíza Hannah Dugan, de Wisconsin, sob a acusação de que ela teria dado fuga a um imigrante ilegal mexicano que compareceu a uma audiência num tribunal.

Sob risco de prisão, milhares de imigrantes que estão nos Estados Unidos em processo de regularização podem simplesmente desistir de comparecer a audiências, se tornando clandestinos e enfraquecendo a Justiça.

"Ditador falido"

Trump também endossou publicamente a prisão do governador da Califórnia, Gavin Newson, proposta por um subordinado.

Newson foi à Justiça contra o uso da Guarda Nacional e dos fuzileiros navais nas ruas do estado que governa.

Em um discurso de grande repercussão, ele disse: "A democracia está sob assalto bem diante de nossos olhos. O momento que temíamos chegou".

Newson referiu-se a Trump como um ditador falido, alertou que o que está acontecendo na Califórnia se repetirá em outros estados e disparou:

Trump está instalando uma rede militar para cercar Los Angeles, muito além de sua intenção declarada de perseguir criminosos violentos. Seus agentes estão prendendo lavadores de pratos, jardineiros, diaristas e costureiras. Isso é apenas fraqueza, fraqueza disfarçada de força.

No condado de Los Angeles, 34% dos moradores são imigrantes.

Manifestações contra Trump estão se espalhando por todo o país, enquanto a extrema-direita faz uma campanha extraordinária nas redes sociais para usar episódios isolados de violência como se fossem a regra.

A crise acontece num momento em que o Pentágono desloca centenas de blindados e aeronaves para Washington.

Eles vão participar de um desfile militar pelos 250 anos do Exército, que coincide com o aniversário de Donald Trump.

O desfile acontece dia 14, sábado, na avenida da Constituição, com cerca de 6.600 soldados, blindados, caças e helicópteros.

É sonho antigo de Donald Trump comandar uma parada militar em Washington, o que ele primeiro desejou depois de participar de um evento similar na França, durante seu primeiro mandato.

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