A CIA, Agência Central de Inteligência dos EUA, publicou nas redes sociais, na quinta-feira (1°), dois vídeos em mandarim nos quais busca recrutar chineses como informantes/espiões. Nos vídeos, os cidadãos são pessoas frustradas que sentem que trabalham para o bem comum e que, no entanto, não veem esse trabalho sendo retornado como valor para si e sua família.
As publicações parecem focar na coleta de informações da China e, principalmente, nas informações dentro do Partido Comunista Chinês (PCCh), ato que vem após a crescente escalada na guerra comercial entre os países, que se estende desde o primeiro mandato do presidente dos EUA, Donald Trump.
Na descrição dos vídeos, também divulgados em uma playlist da página da instituição no YouTube, consta a narrativa geral das publicações e que a CIA também ensina como fazer contato com o órgão em segurança.
“Este vídeo mostra um alto funcionário chinês buscando estabilidade em uma situação traiçoeira. Este homem trabalhou duro a vida toda para ascender a uma posição elevada, mas agora percebe que, por mais alta que seja sua posição, não é suficiente para proteger sua família nesta mudança terrível e turbulenta. Ele anseia por assumir o controle de seu próprio destino e encontrar uma maneira de proteger sua família e aquilo que tanto trabalhou para construir. Ele sabe que tudo o que possui pode desaparecer em um instante, o que o leva a tomar a difícil e importante decisão de contatar a CIA de forma segura. Entendemos que há muitos motivos pelos quais os chineses contatam a CIA de forma segura. Valorizamos e respeitamos todos aqueles que estão dispostos a falar conosco. É nossa responsabilidade profissional proteger aqueles que nos contatam. Você tem acesso especial a alguma informação de alto nível do Partido Comunista Chinês? Você tem alguma informação sobre segurança nacional, comércio, diplomacia ou políticas de alta tecnologia? Ou você é um oficial militar preocupado com o futuro? Entre em contato conosco. Podemos ajudá-lo a encontrar paz nesta situação instável”, descreve a CIA logo abaixo do vídeo, em tradução livre do mandarim para o português.
Entenda o caso da guerra comercial entre EUA e China
Apesar de se estender desde o primeiro mandato do presidente estadunidense Donald Trump, a guerra comercial entre os EUA e a China teve início oficialmente em fevereiro deste ano, quando houve um anúncio de tarifas por parte dos EUA de 10% sobre produtos chineses, o que provocou uma retaliação chinesa que impôs barreiras em produtos importados dos EUA.
Contudo, a situação que mais chamou atenção ocorreu em 1º de abril, com o chamado “tarifaço” do Trump, quando ele anunciou uma série de aumentos de alíquotas de importação de produtos para diversos países, incluindo aliados comerciais. O país mais afetado foi a China, que teve suas exportações para os EUA taxadas em 154%. Em resposta, os chineses impuseram tarifas de volta e também realizaram a venda parcial de títulos americanos, os quais antes detinham US$ 760 bilhões. Na terça-feira (22), Trump anunciou um recuo.
A situação causou comoção global, e até mesmo bilionários criticaram Trump abertamente pelo tarifaço, como Bill Ackman, Boaz Weinstein, Daniel Loeb, Ken Fisher. Houve manifestações contrárias da parte dos bilionários brasileiros, como Jorge Paulo Lemann e André Esteves.