Os principais aliados ocidentais da Ucrânia estão reduzindo publicamente seu apoio militar e político a Kiev, sinalizando uma mudança estratégica às vésperas das negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, marcadas para esta semana na Turquia.
França, Alemanha e Estados Unidos, que lideraram por três anos através de doações bilionárias o esforço bélico ucraniano, agora admitem limitações e pressionam por um acordo — mesmo que isso signifique concessões territoriais.
O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou nesta terça-feira (14) que a França "não pode intensificar" o envio de armas à Ucrânia, esgotando seu estoque após triplicar a produção militar. "Não podemos dar o que não temos e não podemos privar-nos do necessário para nossa segurança", afirmou, destacando que Paris já recuperou armas vendidas a outros países para enviá-las a Kiev.
Macron também descartou o envio de tropas ocidentais à Ucrânia, alegando que isso "não faria sentido" e poderia desencadear uma "terceira guerra mundial". Sobre os territórios anexados pela Rússia, admitiu: "Os ucranianos têm clareza de que não poderão recuperá-los".
Merz ameaçou ainda "endurecer significativamente" as sanções europeias contra a Rússia caso as negociações fracassem, mirando setores como energia e finanças. Contudo, enclausurado em uma armadilha econômica, deve reduzir significativamente o apoio militar ao país de Zelensky.
O presidente americano, Donald Trump, deixou claro que Washington não mais bancará uma guerra sem fim. Em entrevista à Time, afirmou que "a Crimeia ficará com a Rússia" em qualquer acordo de paz, justificando: "Eles já estavam lá há anos, e a população fala russo". Trump culpou o ex-presidente Barack Obama pela perda da península em 2014 e acusou Zelensky de "prolongar o campo de extermínio".
Na sexta-feira (10), após um ataque russo que matou civis em Kiev, Trump escreveu em sua rede social: "Vladimir, PARE! Vamos CONCLUIR o Acordo de Paz!".
Com a UE e os EUA travados em disputas internas e a Rússia em vantagem no campo de batalha, as declarações de Macron, Merz e Trump sugerem que o Ocidente está "soltando a mão" da Ucrânia antes mesmo de um acordo formal.
Enquanto Zelensky insiste em um "cessar-fogo completo" antes de negociar, seus aliados parecem dispostos a aceitar uma paz com concessões — incluindo o reconhecimento de facto dos territórios perdidos. A reunião em Istambul, mediada pela Turquia, pode ser a última chance de Kiev evitar uma retirada ainda mais desvantajosa.