Pesquisadores russos realizaram uma necropsia em um filhote de mamute-lanoso com aproximadamente 130 mil anos, encontrado preservado em permafrost na Sibéria. O animal, batizado de “Yana”, foi descoberto no final de 2024 e é considerado um dos espécimes mais bem preservados já recuperados, de acordo com agências internacionais.
O corpo de Yana, com cerca de um ano de idade no momento da morte, manteve-se envolto em solo permanentemente congelado por milênios. A exposição de seus restos ocorreu devido ao derretimento do permafrost, processo intensificado pelas mudanças climáticas. Parte de sua carcaça chegou a se projetar de um penhasco, mas os membros posteriores permaneceram fixos no solo, impedindo sua queda completa.
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A análise detalhada do espécime foi realizada em março deste ano no Museu do Mamute, na Universidade Federal do Nordeste, em Yakutsk. A necropsia durou várias horas e foi conduzida por uma equipe multidisciplinar, com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre a biologia e o ambiente da espécie extinta.
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Segundo Artemiy Goncharov, especialista em genômica funcional e líder do laboratório do Instituto de Medicina Experimental da Rússia, o exame de Yana representa uma rara oportunidade de estudar diretamente a fauna da Era do Gelo. “Muitos tecidos e órgãos estavam incrivelmente preservados”, afirmou. Foram identificados o estômago, parte do trato digestivo e fragmentos do intestino grosso, o que permitirá análises sobre a alimentação do mamute e o ecossistema em que vivia.
A carcaça tinha 1,2 metros de altura nos ombros e pesava cerca de 180 quilos. A cabeça, o tronco e até as presas de leite estavam intactos. Essas presas, como os dentes de leite em humanos, são substituídas conforme o animal amadurece.
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Além de estudar a dieta de Yana, os cientistas esperam encontrar microrganismos antigos preservados no corpo, o que pode abrir novas frentes de pesquisa sobre a evolução bacteriana e as interações entre formas de vida antigas e modernas.
A causa da morte do filhote ainda é desconhecida, mas os especialistas descartam a participação de humanos, já que o Homo sapiens só teria chegado à região cerca de 100 mil anos após o falecimento do animal.
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