O racismo e o ódio não têm espaço na França, declarou o presidente Emmanuel Macron neste domingo (27), após o esfaqueamento letal de um muçulmano em uma mesquita no sul do país. “O racismo e o ódio por motivos religiosos não têm lugar na França. A liberdade de culto não pode ser violada”, acrescentou o presidente francês em seu perfil oficial na rede social X (antigo Twitter), em seu primeiro comentário sobre o ataque de sexta-feira (25), estendendo seu apoio aos "concidadãos muçulmanos".
Foragido, o agressor esfaqueou a vítima dezenas de vezes e depois a filmou com um celular enquanto gritava insultos contra o islã em La Grand-Combe, na região de Gard. O primeiro-ministro francês, François Bayrou, denunciou o que classificou de "atrocidade islamofóbica".
Já o ministro do Interior, Bruno Retailleau, disse na televisão neste domingo (27) que havia ordenado à polícia reforçar a segurança nas mesquitas de todo o país. Abdelkrim Grini, promotor da região onde ocorreu o ataque, indicou que "certos elementos" poderiam levar a crer que o "motivo antimuçulmano" talvez não fosse "o motivo principal ou a única motivação" do crime.
O suposto agressor enviou o vídeo que havia gravado com seu telefone, no qual a vítima é vista se contorcendo de dor, para outra pessoa, que o compartilhou em uma rede social antes de excluí-lo. Uma fonte próxima do caso, que pediu para não ter seu nome revelado, indicou que o suposto autor do crime foi identificado como um cidadão francês de origem bósnia, que não é muçulmano.
A vítima, um jovem malinês de 20 anos, e o agressor estavam sozinhos na mesquita no momento do ataque. O corpo só foi descoberto mais tarde, quando outros fiéis chegaram ao local de culto. Depois de inicialmente orar ao lado do homem, o agressor esfaqueou a vítima mais de 50 vezes antes de fugir.
Manifestações pelo país
Cerca de 1.000 pessoas se manifestaram neste domingo (27) em La Grande-Combe, que tem uma população de 5.000 habitantes, em memória da vítima. Paris também foi palco de uma manifestação com a participação de centenas de pessoas, na qual o líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, acusou o governo de alimentar um "clima de islamofobia", no momento em que a imigração está no centro da agenda política. Por sua vez, Retailleau acusou o partido de Mélenchon, do partido Esquerda Insubmissa, de tentar tirar proveito político do ataque.
O agressor, que foi identificado apenas pelo prenome como Olivier, e que teria nascido na França em 2004, é um desempregado sem antecedentes criminais. As autoridades o classificam como um sujeito “potencialmente extremamente perigoso” e diz que “é essencial detê-lo antes que faça mais vítimas”.