No período de 12 anos de seu papado, Francisco surpreendeu o mundo com uma iniciativa inusitada: o lançamento de um disco de pop rock progressivo, intitulado “Pope Francis: Wake Up!”, em 2015. Longe de ser uma simples curiosidade, o projeto teve um propósito solidário: parte dos lucros foi revertida para um fundo de ajuda a refugiados, segundo o Vaticano.
O disco foi idealizado por Don Giulio Neroni, produtor italiano que já havia trabalhado em projetos musicais com os papas João Paulo II e Bento XVI. A produção trouxe uma abordagem singular, com discursos e orações do pontífice transformadas em canções com arranjos que misturam tradição cristã e rock contemporâneo.
Discurso, fé e guitarras: a alquimia sonora do Papa
O álbum reúne 11 faixas com trechos em português, espanhol, inglês e italiano, incluindo momentos marcantes como o discurso pós-eleição em 2013, no qual Francisco declarou vir “do fim do mundo”. Entre as faixas está “Wake Up! Go go forward!”, que mistura orações e instrumentação de rock progressivo. O jornal El País chegou a compará-la com o som do Pink Floyd.
Boa parte das composições foi assinada por Tony Pagliuca, ex-integrante da banda italiana de rock progressivo Le Orme, que liderou as paradas na Itália nos anos 1970.
Um papa do diálogo — inclusive musical
Segundo Neroni, o objetivo foi refletir a personalidade pastoral do pontífice: “o papa do diálogo, das portas abertas, da hospitalidade”. Para ele, a música contemporânea pode dialogar com a tradição cristã e os hinos sagrados, criando uma ponte entre fé e cultura popular.
O que a crítica disse?
A recepção da crítica também chamou atenção. Miguel Ángel Bargueño, do El País, destacou que o disco traz “guitarras próprias de Bon Jovi” e “trompetes à moda do Pink Floyd”. Ele também observou o desafio de conciliar harmonias agitadas com a serenidade do sumo sacerdote, mas considerou o resultado final “razoavelmente satisfatório”.
Ouça o álbum Wake Up!, do Papa Francisco, na íntegra: