A morte do Papa Francisco, na madrugada de segunda-feira (21), marca o início de um rito de despedida que culminará no sábado, com seu sepultamento após um funeral que reunirá chefes de Estado e fiéis de diversos países no Vaticano. A partir de quarta-feira, os católicos poderão prestar suas homenagens ao primeiro Papa das Américas, cujo corpo ficará exposto por três dias na Basílica de São Pedro.
Após a confirmação da morte do Papa Francisco, o Vaticano deu início aos rituais de despedida e providenciou o embalsamamento do corpo, temendo os efeitos do clima úmido de Roma.
O procedimento é essencial para que o velório se estenda por vários dias. Antes de ser levado à exposição pública, o caixão com o corpo de Jorge Mario Bergoglio permaneceu na capela da residência de Santa Marta, local onde faleceu em decorrência de um AVC, quase um mês após enfrentar uma prolongada internação por complicações respiratórias.
O Vaticano divulgou nesta terça-feira as primeiras imagens oficiais do corpo do Papa, que aparece vestido com uma casula vermelha, mitra branca e segurando um rosário entre as mãos, acompanhado por dois soldados da Guarda Suíça. As fotos foram registradas na segunda-feira.
Entenda a técnica
O anatomista Nikola Tomov, da Universidade de Berna, afirmou que o Vaticano adotou a técnica moderna de embalsamamento a partir de 1914, com o objetivo de manter o corpo do Papa em bom estado para exposição pública. O primeiro pontífice a passar pelo procedimento foi Pio X, falecido naquele ano.
O método envolve a abertura das veias do pescoço ou da virilha, a retirada do sangue e a injeção de uma solução de formal, álcool, água e corantes. Essa mistura impede a ação de bactérias e retarda o processo de decomposição, segundo informações do jornal.
Conservação do corpo
O uso da técnica moderna de conservação de corpos pelo Vaticano se consolidou após um episódio em 1958, quando houve falhas na preservação do Papa Pio XII. Na época, o médico papal Riccardo Galeazzi-Lisi alegou ter utilizado um método inspirado na conservação do corpo de Jesus, baseado em um saco plástico com ervas e óleos. No entanto, a técnica acelerou a decomposição, provocando odores intensos que obrigavam os guardas a se revezarem de 15 em 15 minutos ao lado do caixão.
Desde a morte do Papa Leão XIII, em 1903, os Pontífices não têm mais os órgãos removidos — prática comum anteriormente, quando esses órgãos eram preservados como relíquias. A diretriz vigente determina que o corpo do Santo Padre permaneça intacto.