INTEGRAÇÃO REGIONAL

Lula e Boric assinam 13 acordos para ampliar parceria Brasil-Chile: "Os dois ganham"

Mandatários assinaram acordos e memorandos em áreas como justiça e segurança pública, defesa, ciência e tecnologia, cultura, pesca e aquicultura, agricultura, pecuária e inteligência artificial

O presidente chileno Gabriel Boric e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.Créditos: Ricardo Stuckert
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta terça-feira (22), o presidente da República do Chile, Gabriel Boric, em visita oficial de Estado, em Brasília (DF). Foram assinados 13 acordos e memorandos entre os dois países em diversas áreas como justiça e segurança pública, defesa, ciência e tecnologia, cultura, pesca e aquicultura, agricultura, pecuária e inteligência artificial.

"Esse dia, para mim, é muito importante, não apenas pelos acordos e protocolos de intenções que foram assinados. Eu penso que essa reunião é importante por conta do momento político que o mundo vive. É apenas o começo de uma história, a nossa relação nunca mais será a mesma, porque nós temos a obrigação de fazer com que ela seja melhor, melhor e melhor", pontuou o presidente Lula.

De acordo com o presidente brasileiro, os países da América do Sul precisam trabalhar de maneira articulada para alcançar um desenvolvimento regional integrado.

"É por isso que eu sou um cidadão obcecado pela integração. Eu acho que nós, presidentes de países da América do Sul, deveríamos compreender que, isolados, nós somos muito fracos. Nós não nascemos para viver mais 500 anos como um país pobre. Nós não nascemos para viver mais 500 anos vendo nossos países serem governados para 35% ou 45% da população, como se o restante da sociedade fosse tratado como invisíveis", disse, ao enfatizar que parte da solução dos problemas está em fazer parceria com países vizinhos e parceiros.

Assista a um trecho do discurso do presidente Lula após o encontro com Boric: 

Corredor bioceânico 

Um dos principais pontos abordados durante a reunião bilateral de Boric e Lula foi a necessidade de aprimorar a infraestrutura regional. Entre os projetos nessa área está o Rotas de Integração Sul-Americana, com enfoque especial nos avanços da Rota Bioceânica de Capricórnio, que liga os portos brasileiros nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, aos portos de Iquique, Mejillones e Antofagasta, no Chile. A previsão é que a infraestrutura dessa rota seja concluída até 2026, ainda durante o atual mandato do presidente Lula.

A visita de Boric ao Brasil reforça não apenas a cooperação bilateral, mas também a importância da integração regional frente a um ambiente global desafiador. Com a nova rota bioceânica em andamento e esforços para manter mercados abertos, o Chile aposta em parcerias estratégicas para garantir crescimento e estabilidade.

"Tivemos com o presidente Lula uma reunião de trabalho que vai além do protocolo. Concordamos que procuramos o desenvolvimento dos nossos povos, e que muitas vezes as discussões entre líderes mundiais parecem estar nas altas esferas, mas nós não esquecemos para quem estamos trabalhando: os mais desfavorecidos, os mais pobres, os mais necessitados do nosso trabalho", resumiu o presidente chileno. "Somos aliados importantes do Brasil, mas temos muito potencial para explorar", apontou.

Fórum Empresarial Brasil-Chile 

À noite, Lula participou do encerramento do Fórum Empresarial Brasil-Chile em Brasília, acompanhado pelo presidente chileno Gabriel Boric. Realizado na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Fórum promoveu diálogos entre empresários brasileiros e chilenos, de diversas áreas, com o objetivo de impulsionar as relações comerciais.

"A gente não quer guerra fria. Queremos privilegiar os interesses soberanos dos nossos povos, que querem viver bem, querem produzir bem e querem ter acesso à ciência, tecnologia e às coisas sofisticadas que o ser humano pode produzir. É isso que cabe a nós", disse Lula.

“Um presidente da República, como o Boric e eu, a gente não faz negócio. O que a gente pode fazer é abrir as portas para que os empresários, que sabem fazer negócio, façam negócio. Mas que os empresários chilenos e os empresários brasileiros saibam que o bom negócio é aquele em que os dois países ganham”, destacou o presidente brasileiro.

Lula pontuou que tanto o Chile quanto o Brasil desejam ter relações comerciais com todos os países, desde que sejam respeitados os interesses soberanos de cada nação.

“Esse é o momento de a gente criar coragem e, a partir da nossa inteligência, decidir o que a gente quer ser, o que a gente vai ser e como vamos fazer comércio. A gente não quer guerra fria. Queremos privilegiar os interesses soberanos dos nossos povos, que querem viver bem, querem produzir bem e querem ter acesso à ciência, tecnologia e às coisas sofisticadas que o ser humano pode produzir. É isso que cabe a nós”, frisou o mandatário.

Em seu discurso, Lula também falou sobre como as políticas sociais melhoram a qualidade de vida da população e movimentam a economia, gerando, inclusive, um aumento no turismo.

“Nesses últimos dois anos, os mais pobres tiveram um crescimento na renda de 10,7%. É isso que vai fazer mais turista brasileiro ir para o Chile e é isso que faz mais turista chileno vir pro Brasil. É isso que faz mais gente querer comprar passagem de avião, que faz mais gente querer viajar de ônibus e que faz mais gente querer viajar de navio, porque na hora que o dinheiro começa a circular as pessoas vão em frente e as coisas se resolvem”.

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