Ao atacar as contratações feitas sob as regras da "diversidade, igualdade e inclusão", Donald Trump assegura que prioriza a meritocracia ao indicar assessores.
Mas, parece ser apenas fachada.
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Peter Brian Hegseth tornou-se conhecido de Donald Trump como âncora da Fox News, a emissora de extrema-direita dos EUA.
Trump, como se sabe, é um ávido consumidor dos canais de notícias.
Foi nesta condição, entre 2014 e 2024, que Hegseth influenciou o atual presidente dos Estados Unidos, inclusive com ilações infundadas sobre terroristas que teriam se infiltrado em caravanas de imigrantes.
Por isso, mesmo entre republicanos houve um choque quando Trump decidiu indicar o ex-âncora para comandar o Departamento de Defesa.
A nomeação dele só foi aprovada por causa do voto de desempate no Senado, dado pelo vice-presidente JD Vance.
Houve empate de 50 a 50, com três republicanos se rebelando -- o que nos dias de hoje é uma raridade, dado o espírito vingativo de Donald Trump.
No passado, Hegseth já foi acusado de estupro e embriaguez no trabalho -- mas o espantoso mesmo era a sua falta de experiência para o cargo.
Com a mulher, que o teria promovido
Agora, Hegseth está sob fogo por ter compartilhado segredos militares em ao menos dois chats do Signal, um canal considerado inseguro pelas próprias autoridades estadunidenses.
No primeiro caso, um jornalista da revista The Atlantic foi incluído no grupo. No outro, familiares.
De acordo com o New York Times, Hegseth deu informações sobre futuros ataques dos EUA ao Iêmen em um grupo do qual faziam parte sua esposa Jennifer, seu irmão Bill e seu advogado.
Jennifer, ex-produtora da Fox News, não tem cargo público. No passado, ainda na emissora, ela foi acusada por colegas de privilegiar o então amante com "tempo no ar".
No domingo, um ex-porta-voz do Pentágono, que assessorou a campanha de Trump em 2016, escreveu abertamente que o Departamento de Defesa vive um caos.
Em texto assinado no site Político, John Ullyot escreveu:
Foi um mês de caos total no Pentágono. De vazamentos de planos operacionais sensíveis a demissões em massa, a disfunção agora é uma grande distração para o presidente — que merece algo melhor. Donald Trump tem um histórico sólido de responsabilizar seus principais assessores. Diante disso, é difícil imaginar o Secretário de Defesa, Pete Hegseth, permanecendo em seu cargo por muito mais tempo.
O cargo mais cobiçado
O cargo exercido por Pete Hegseth é muito cobiçado. O Departamento de Defesa tem um orçamento superior a U$ 850 bilhões para o ano fiscal de 2025.
Porém, ele conseguiu algo inusitado: que o importante deputado republicano Don Bacon, do Comitê das Forças Armadas, pedisse sua demissão, citando amadorismo:
A Rússia e a China colocam milhares de pessoas para monitorar todas essas ligações no topo, e o alvo número 1, além do presidente... seria o secretário de Defesa. Rússia e China estão em cima do telefone dele, e ele colocar informações secretas no aparelho não é certo. Ele está agindo como se estivesse acima da lei — e isso mostra que é um amador.
Desde que assumiu, Pete Hegseth comandou um verdadeiro expurgo em altas patentes do Pentágono e, mais recentemente, demitiu três altos funcionários, leais a Trump, sugerindo que teriam vazado informações à imprensa.
De acordo com a rede pública PBS, a Casa Branca já teria iniciado o processo de escolha do sucessor de Hegseth.
O secretário de Defesa, por sua vez, diz que está sendo sabotado -- por enquanto, Donald Trump parece concordar com ele, ao menos em público.
Se confirmadas, as trapalhadas do ex-âncora da Fox, narradas pelo porta-voz no artigo publicado no Político, revelam não só amadorismo, mas grave tráfico de influência:
O Wall Street Journal e outros veículos noticiaram que Hegseth "levou sua esposa, ex-produtora da Fox News, a duas reuniões com colegas militares estrangeiros, nas quais informações confidenciais foram discutidas". Em seguida, o Pentágono organizou uma reunião ultrassecreta do Estado-Maior Conjunto sobre a China para Elon Musk, que ainda possui amplos interesses comerciais na China.