Recuperando-se da última internação em decorrência de pneumonia nos dois pulmões, Papa Francisco morreu na madrugada desta segunda-feira (21) por uma causa adversa dos problemas respiratórios, com que lidava desde quando era seminarista.
Aos 21 anos, em 1957, o então postulante a padre deixou o seminário da Villa Devoto, em Buenos Aires, para uma cirurgia de retirada de parte do pulmão em razão de três cistos na área superior do pulmão direito e de um derrame pleural - acúmulo excessivo de líquido no espaço entre os pulmões e o tórax.
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No entanto, ao jornal italiano La Repubblica, profissionais de saúde do Hospital Gemelli, onde o pontífice esteve internado em razão da pneumonia, descartaram a relação da morte ter sido em decorrência de problemas no sistema respiratório.
"Ele faleceu em paz", disse um dos médicos ao site italiano, que ressalta que a morte de Francisco foi causada por um problema cerebral, provavelmente um derrame - termo popular para Acidente Vascular Cerebral (AVC) -, mas não se sabe se foi hemorrágico ou não.
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O AVC ocorre quando há interrupção do fluxo sanguíneo para o cérebro, causando danos às células nervosas. O AVC pode ser isquêmico, quando há entupimento de um vaso, ou hemorrágico, quando um vaso se rompe.
O Vaticano ainda não confirmou o motivo da morte de Francisco, se limitando a dizer que "o papa morreu em seus aposentos", em seu apartamento na Casa Santa Marta, sem dar mais detalhes.
88 anos
Papa Francisco morreu por volta das 2h35 da madrugada [horário de Brasília] em Roma, na Itália. O pontífice estava na Casa de Santa Marta, no Vaticano, onde viveu suas últimas horas.
Argentino de Buenos Aires e primeiro líder máximo da Igreja Católica nascido nas Américas, Jorge Mario Bergoglio foi alçado ao posto de Sumo Pontífice no conclave de 13 de março de 2013, substituindo o alemão Bento XVI.
O anúncio foi feito pelo Camerlengo Farrell da Casa Santa Marta. "Às 7h35 desta manhã [2h35, no horário de Brasília], o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da Igreja".
Em nota, o Vaticano confirmou que o anúncio foi dado, com pesar, diretamente da Capela da Casa Santa Marta. "Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino", emendou o carmelengo.
Neste domingo (20), o Pontífice apareceu na sacada da Basílica de São Pedro para a mensagem de Páscoa Urbi et Orbi, deixando sua última mensagem para a Igreja e o mundo.
Urbi et Órbi
Na última mensagem Urbi et Orbi (para a cidade de Roma e para o mundo), lida pelo Monsenhor Diego Ravelli, mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícia, o papa lançou um apelo para o desarmamento do mundo e exortou os líderes a usaram os recursos da indústria bélica para combater a fome e promover iniciativas que favoreçam o desenvolvimento.
"Estas são as 'armas' da paz: aquelas que constroem o futuro, em vez de espalhar morte!", escreveu Francisco na mensagem lida no Domingo de Páscoa.
"Não é possível haver paz sem um verdadeiro desarmamento! A necessidade que cada povo sente de garantir a sua própria defesa não pode transformar-se numa corrida generalizada ao armamento", disse Francisco.
O papa ainda elencou várias regiões de conflito no mundo definiu como "dramática e ignóbil" a situação humanitária em Gaza.
Em seguida, estendeu os votos de paz a todo o Oriente Médio, de modo especial ao Líbano, à Síria e ao Iêmen. Paz também para o Sul do Cáucaso e aos povos africanos vítimas de violências, especialmente a República Democrática do Congo, o Sudão, o Sudão do Sul, o Chifre da África e a Região dos Grandes Lagos. Na Ásia, o pensamento de Francisco vai a Mianmar, que além do conflito armado sofre com as consequências do terremoto.
"Que o princípio da humanidade nunca deixe de ser o eixo do nosso agir quotidiano. Perante a crueldade dos conflitos que atingem civis indefesos, atacam escolas e hospitais e agentes humanitários, não podemos esquecer que não são atingidos alvos, mas pessoas com alma e dignidade".
