O ministro da Justiça do Chile, Jaime Gajardo, se reuniu nesta quinta-feira (17), com a família do vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, Pablo Neruda, falecido em 1973, para falar sobre os novos desdobramentos a respeito das circunstâncias da sua morte.
"As circunstâncias da morte do nosso Prêmio Nobel de Literatura, Pablo Neruda, ainda não foram esclarecidas", disse o ministro. Segundo ele, "há um novo precedente que foi apresentado, entre outros, pela família de Pablo Neruda, que são os autores deste caso, e que estamos analisando junto ao Ministério da Justiça e Direitos Humanos, juntamente com o Ministério do Interior, que está patrocinando a denúncia neste caso". As informações são do site La Tercera.
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Gajardo informou que, depois de um painel de peritos, foi determinada a realização de um meta-laudo pericial, recebido no final de março. "Esses são antecedentes que sugerem que há uma concentração incomum de agentes tóxicos no corpo de Pablo Neruda, infelizmente, e, portanto, isso poderia respaldar a teoria de que ele não morreu de causas naturais", pontuou o ministro.
Investigações e participação da ditadura
A justiça chilena reabriu a investigação sobre a morte do escritor, poeta e ativista chileno em fevereiro de 2024. Neruda morreu 12 dias após o golpe de Estado, oficialmente em decorrência do câncer de próstata avançado de que sofria.
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"Isso [a morte de Neruda] aconteceu poucos dias depois do golpe de Estado, e por isso mesmo, assim como aconteceu poucos dias depois do golpe de Estado, em circunstâncias em que a repressão foi terrível, em circunstâncias em que estavam assassinando pessoas em nosso país, torturando pessoas em nosso país, quebrando as mãos de Víctor Jara, não descartamos que algo semelhante também possa ter acontecido com Pablo Neruda", disse o Ministro da Justiça.
A sobrinha-neta do escritor, Paola Reyes Salas, apontou que "foram anos árduos de trabalho, mas hoje estamos em uma posição muito diferente para esclarecer a verdade sobre as circunstâncias de sua morte, que esta parte pode confirmar que foi um assassinato".
A morte de Neruda
As dúvidas a respeito das circunstâncias da morte de Neruda surgiram nos anos 2010, especialmente a partir do testemunho de seu antigo motorista, Manuel Araya, alegando que o escritor teria sido envenenado por agentes da ditadura enquanto estava internado na clínica Santa María, em Santiago.
Em 2017, peritos encontraram vestígios de uma bactéria chamada Clostridium botulinum nos restos mortais de Neruda, um microorganismo que pode produzir a toxina botulínica, uma das substâncias mais letais conhecidas e usada como arma biológica. Um novo relatório de cientistas do Canadá e da Dinamarca, produzido em 2023, concluiu que a bactéria não deveria estar presente no corpo e que provavelmente foi introduzida antes da sua morte, reforçando a hipótese de envenenamento.
