Após o presidente francês, Emmanuel Macron, ter dito em cadeia nacional de televisão realizada nesta quarta-feira (5) que "a Rússia se tornou uma ameaça para a França e a Europa", o presidente russo Vladimir Putin respondeu, elevando o tom.
"Ainda há pessoas que querem voltar aos tempos de Napoleão, esquecendo-se de como tudo acabou", afirmou o mandatário, sem mencionar diretamente Macron.
A referência histórica remete ao imperador francês que invadiu a Rússia em 1812, com suas tropas tendo que bater em retirada após confrontarem o exército russo. Somente cerca de 50 mil dos 700 mil soldados franceses conseguiram regressar a seu país.
Sobre um acordo de paz, Putin afirmou que pretende manter os territórios conquistados desde fevereiro de 2022 para, segundo ele, salvaguardar a segurança russa no futuro. Atualmente, os russos controlam aproximadamente um quinto do território ucraniano.
“Temos de escolher uma opção de paz que nos sirva e que nos garanta a paz para o nosso país a longo prazo”, disse.
Outras respostas a Macron
Mais cedo, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, também havia se manifestado em relação ao discurso de Macron, pontuando que sua fala representava uma "ameaça contra a Rússia”, usando igualmente fatos históricos para criticar o presidente francês.
"Ao contrário dos seus antecessores, que também queriam lutar contra a Rússia, de Napoleão, de Hitler, Macron não age de forma muito graciosa, porque pelo menos eles disseram-no, sem rodeios: 'Temos de conquistar a Rússia, temos de derrotar a Rússia'", disse.
Pelas redes sociais, o ex-presidente russo, Dmitry Medvedev, que é vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, fez um trocadilho com o sobrenome do presidente da França, ao chamá-lo de "Micron".
"A Rússia tornou-se, neste momento em que vos falo e nos próximos anos, uma ameaça para França e para a Europa, diz Macron. Mas o próprio Micron não representa uma grande ameaça. Desaparecerá para sempre, o mais tardar, a 14 de maio de 2027. E não fará falta", escreveu Medvedev no X.
Dissuasão nuclear
Nesta quarta, Emmanuel Macron falou sobre usar a dissuasão nuclear da França para proteger o continente. A dissuasão nuclear é considerada uma estratégia de segurança internacional baseada na ideia de que a posse desse tipo de armamento pode prevenir um ataque adversário em função da possibilidade de uma resposta à altura.
Atualmente, a França é a única potência nuclear na União Europeia (UE). O Reino Unido, que não faz mais parte da UE, também possui seu arsenal.
O discurso foi realizado em um contexto no qual fez duras críticas ao governo russo, afirmando que seu comportamento agressivo "não parecia conhecer fronteiras". Ele também criticou o cessar-fogo proposto pelos Estados Unidos e insistiu no papel da UE nas negociações de paz. “Nós devemos continuar a ajudar os ucranianos a resistir. O caminho não pode passar pelo abandono da Ucrânia”, disse. “O futuro da Europa não deve ser decidido em Washington.”
Com informações do EuroNews.