GAZA

Contrariando Trump, Liga Árabe apresenta plano para reconstrução de Gaza

Proposto inicialmente pelo presidente egípcio, Abdel Fattah Al-Sisi, o plano árabe visa evitar o deslocamento forçado de aproximadamente 2 milhões de palestinos que residem na Faixa de Gaza

Criança palestina em meio aos destroços na Faixa de Gaza.Créditos: Mohammed Salem/Reuters/Folhapress
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Nesta terça-feira (4), no início do sagrado mês do Ramadan, a cidade do Cairo, capital do Egito, sediou uma Cúpula Extraordinária da Liga Árabe dedicada exclusivamente à questão palestina.

O encontro, que reuniu líderes de 22 países árabes do Norte da África e do Oriente Médio, teve como destaque a apresentação de um plano detalhado para a reconstrução da Faixa de Gaza, uma resposta alternativa à polêmica proposta israelense-estadunidense apresentada recentemente por Donald Trump e Benjamin Netanyahu.

Proposto inicialmente pelo presidente egípcio, Abdel Fattah Al-Sisi, o plano árabe visa evitar o deslocamento forçado de aproximadamente 2 milhões de palestinos que residem na Faixa de Gaza.

Aprovado pela Liga Árabe, o projeto prevê a reconstrução completa da região até 2030, com investimentos estimados em US$ 53 bilhões.

A primeira fase do plano se concentraria na remoção de 50 toneladas de entulho resultantes das ofensivas militares israelenses, além da limpeza de bombas não detonadas. Segundo Al-Sisi, o objetivo é transformar Gaza em uma região “sustentável, verde e caminhável”, com a construção de um aeroporto, um porto de pesca e um porto comercial, além da restauração de zonas residenciais, industriais e agrícolas.

O plano propõe que a gestão seja conduzida por um comitê de especialistas de Gaza, com a Autoridade Palestina assumindo o controle total do processo em até seis meses. No entanto, o governo israelense rapidamente se manifestou contra a iniciativa.

Em sua conta na rede social X, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Oren Marmostein, criticou a declaração da Liga Árabe, afirmando que ela "falha em responder à realidade da situação após o dia 7 de outubro de 2023", em referência aos ataques do Hamas. Marmostein reiterou o apoio de Israel ao plano de Trump.

Na mesma linha, o porta-voz do Conselho Nacional de Segurança dos EUA, Brian Hughes, destacou que o "presidente Trump tem sido claro ao afirmar que o Hamas não pode continuar a governar Gaza".

O Hamas, por sua vez, demonstrou apoio ao plano, classificando-o como um "passo à frente" e elogiando a unidade das nações árabes frente às tentativas de remover palestinos de Gaza e da Cisjordânia ocupada.

O presidente da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, enfatizou a necessidade de o Conselho de Segurança da ONU dispor de uma força internacional para manter a paz em Gaza e na Cisjordânia.

O plano, que conta com 112 páginas, também propõe a realização de eleições palestinas no prazo de um ano e o reconhecimento de um Estado Palestino.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, apesar de sua limitada influência em Gaza, marcou presença no evento e expressou total apoio à proposta.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também manifestou seu apoio, declarando que o mundo está aberto a cooperar plenamente: "Acolho e apoio fortemente a iniciativa proposta pelos países árabes para mobilizar apoio à reconstrução de Gaza".

Atualmente, o conflito na Faixa de Gaza vive um cessar-fogo frágil, que inclui a troca de presos e reféns, acordado após a posse de Donald Trump. Desde outubro de 2023, os confrontos resultaram em mais de 50.000 palestinos mortos e 1.200 israelenses.

O plano da Liga Árabe surge como uma tentativa de reconstruir não apenas a infraestrutura, mas também a esperança de uma solução duradoura para a região.

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