O Exército de Israel realizou novos ataques na Faixa de Gaza nesta segunda-feira (17) e marcou o fim do cessar-fogo. Os ataques ocorreram em meio a dificuldades nas negociações sobre as próximas fases da trégua. O Ministério da Saúde de Gaza informou que ao menos 400 palestinos, incluindo crianças, morreram, enquanto médicos relatam pelo menos 150 feridos nos bombardeios, configurando o episódio mais violento desde 19 de janeiro.
Segundo a agência Reuters, os ataques israelenses representam uma violação unilateral do acordo de cessar-fogo. O Exército de Israel diz estar preparado para continuar os ataques contra a Faixa de Gaza pelo "tempo que fosse necessário", ampliando a campanha militar para além dos bombardeios. O gabinete do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu afirmou que o Hamas "não aceitou" nenhuma das ofertas apresentadas pelo enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e outros mediadores envolvidos nas negociações.
As Forças de Defesa de Israel e o Shin Bet divulgaram uma nota conjunta afirmando: "Por orientação do escalão político, as Forças de Defesa de Israel e o Shin Bet [serviço de segurança interna] estão atacando extensivamente alvos terroristas do Hamas em toda a Faixa de Gaza". Mas segundo o jornal The Times of Israel, Tel Aviv se negou a negociar com base nos termos iniciais da segunda fase, prevista para começar em 3 de fevereiro.
No entanto, é mais uma tentativa de limpeza étnica. O rompimento do cessar-fogo, após semanas de negociações, pode trazer ainda mais destruição para os palestinos, já afetados pela decisão do governo israelense de cortar o fornecimento de eletricidade e impedir a entrada de ajuda humanitária.
O Ministério da Saúde de Gaza confirmou que ao menos 326 pessoas perderam a vida e centenas ficaram feridas. Segundo a Defesa Civil, várias vítimas ainda estão “presas sob os escombros de casas bombardeadas em diferentes regiões”, e várias crianças estão entre os mortos. A a agência de notícias para jovens palestinos Quds News Network informou que vários líderes de governo também foram mortos nos ataques aéreos israelenses.
Até o momento, foram identificados Essam Al-Da'alis, chefe do Comitê de Acompanhamento do Governo; o assessor Ahmed Hitta, vice-ministro da Justiça; o major-general Mahmoud Abu Watfa, vice-ministro do Interior; e o major-general Bahjat Abu Sultan, diretor da Agência de Segurança Interna.
"Netanyahu e seu governo são totalmente responsáveis pelas consequências da traiçoeira agressão contra Gaza, que se dirige contra civis indefesos sob um bloqueio asfixiante e uma política sistemática de inanição", afirmou o Hamas em um comunicado à imprensa.
O Hamas indicou que se trata de uma violação deliberada do acordo de cessar-fogo, que expõe os prisioneiros de Gaza a um destino incerto. Hamas pediu aos mediadores internacionais que "responsabilizem completamente a ocupação israelense pela violação do acordo" e insistiu na interrupção dos ataques.
Nesse contexto, o movimento também fez um apelo à Liga Árabe e à Organização de Cooperação Islâmica para que tomem "medidas urgentes para levantar o cerco a Gaza".
Ao mesmo tempo, o Hamas pediu à ONU e ao Conselho de Segurança da ONU que implementem a resolução 2735, que exige o fim das hostilidades e a retirada total das Forças Armadas de Israel da Faixa de Gaza.