O banqueiro Mark Carney, ex-diretor do Banco do Canadá, foi eleito líder do Partido Liberal e assumirá o cargo de premier de Justin Trudeau em um contexto de tensão econômica. O Canadá enfrenta uma disputa comercial tarifária com os Estados Unidos, seu principal parceiro comercial.
Na votação do último domingo, Carney foi eleito líder da sigla com 85,9% dos votos, deixando a vice-premier Chrystia Freeland para trás com apenas 8%. Como o Partido Liberal detém a maioria parlamentar, Carney assume também o cargo de primeiro-ministro.
Após meses enfrentando críticas e um embate crescente da oposição, Trudeau anunciou em janeiro que renunciaria ao cargo assim que fosse escolhido seu sucessor. A disputa pela liderança foi intensa e a escolha de Carney se deu, em parte, pela sua condição de outsider no cenário político.
Carney é o primeiro canadense a alcançar o cargo de primeiro-ministro sem jamais ter sido eleito para um cargo político. Sem experiência política, ele diz que ter sido chefe de dois bancos centrais o torna o "mais preparado" para enfrentar negociações com Donald Trump.
Em 2007, o banqueiro assumiu a presidência do Banco do Canadá, tornando-se o mais jovem presidente de um banco central no G20, justamente quando os indícios da crise financeira global começaram a se intensificar.
Desde a vitória nas eleições de novembro passado, o presidente dos EUA tem ameaçado impor tarifas de até 25% sobre as importações canadenses e também sugeriu que o Canadá deveria se tornar o “51º estado dos Estados Unidos”, anexando o país aos EUA. declarações que causaram grande indignação entre os canadenses.
As tarifas de Donald Trump sobre o Canadá são "injustificáveis", afirmou Justin Trudeau, alegando que seu país jamais se negou a colaborar com os Estados Unidos para barrar a entrada do anestésico fentanil em território do vizinho. Definindo a decisão de Trump como "idiota", o então primeiro-ministro havia anunciado retaliação e afirmou que o objetivo da Casa Branca é enfraquecer a economia do Canadá para depois anexar o país.
Nos últimos momentos de seu governo, Trudeau procurou equilibrar o tom conciliatório com respostas duras a Trump, e o esperado é que Carney adote uma postura semelhante nos meses que antecedem as eleições gerais de outubro.
"Estamos enfrentando a crise mais grave da nossa existência. Tudo na minha vida me preparou para este momento", disse Carney durante seu último comício de campanha.