Além de todas as medidas negacionistas e violadoras dos direitos humanos já anunciadas, Donald Trump começou a investida contra a diversidade e inclusão dentro da Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA) essa semana. Funcionários receberam ordens para eliminar de seus sites qualquer menção a representatividade de minorias e até políticas voltadas para mulheres em liderança. A decisão reflete a postura ultraconservadora do governo, que continua a desmantelar políticas voltadas à equidade social.
De acordo com o site 404 Media, em um memorando interno no dia 22 de janeiro, funcionários foram instruídos a remover termos relacionados a acessibilidade, povos indígenas, equidade de gênero e justiça ambiental dos sites da agência – tudo para atender às diretrizes do governo, que classifica essas iniciativas como “desperdício”.
Logo após Donald Trump anunciar sua ordem executiva para desmantelar escritórios da Diversidade, Igualdade, Inclusão e Acessibilidade (DEIA) no governo federal, a NASA agiu para eliminar seus programas de diversidade e cancelar contratos relacionados. Em 2023, antes das ordens de Donald Trump, a NASA foi reconhecida como uma das melhores empregadoras dos EUA em diversidade. Segundo um relatório de 2021 do Escritório do Inspetor Geral da agência, a força de trabalho da agência era composta por cerca de 35% de mulheres e 30% de minorias.
Seguindo as diretrizes do governo Trump, a agência espacial também suspendeu o trabalho de diversos comitês de astrofísica e ciência planetária. A agência agora tenta avaliar a posição desses grupos em relação aos programas Diversidade, Igualdade e Inclusão (DEI).
Importante destacar que já havia desafios na promoção da inclusão. Um relatório de 2024 apontou que, "apesar do apoio dos líderes da Agência e de múltiplas iniciativas para aumentar a diversidade, descobrimos que a NASA fez pouco progresso em aumentar a representação de mulheres e minorias em sua força de trabalho civil ou em cargos de liderança". O estudo destacou que, ao longo da última década, a composição da força de trabalho permaneceu praticamente inalterada, com avanços de apenas 1% ou 2% para alguns grupos.
Trump derruba sites do governo
Nas primeiras semanas, o republicano começou a fechar sites de agências federais, eliminando conteúdos sobre diversidade e restringindo o acesso a informações públicas. Enquanto isso, jornalistas conservadores são promovidos a cargos estratégicos, e veículos de mídia que não são simpatizantes do governo perdem espaço para influenciadores alinhados ao presidente. Um levantamento do New York Times apontou que, desde sexta-feira, 8 mil sites governamentais foram removidos ou modificados para atender à diretriz de Trump de apagar menções a "ideologia de gênero”.
Ao consultar diversos sites e perfis, a Fórum encontrou alertas informando que eles estão sendo modificados, sem qualquer previsão para voltar ao ar. Informações sobre HIV, LGBTQ e saúde juvenil desapareceram de diversos sites dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, que foram removidos ou substituídos.
A página exibe o aviso: "O site do CDC está sendo modificado para cumprir as ordens executivas do presidente Trump".
Enquanto isso, outras plataformas voltadas à saúde das mulheres foram apagadas ou esvaziadas. Essas agências estão cumprindo as ordens de Trump, emitidas em 29 de janeiro, que determinaram a remoção de "todas as mídias voltadas para o exterior que inculquem ou promovam a ideologia de gênero" até as 17h de sexta-feira. Como a eliminação completa da linguagem exige tempo, a solução encontrada foi tirar do ar muitos dos sites.
As medidas estão provocando reações firmes de organizações de saúde, cientistas e pesquisadores. A Infectious Diseases Society of America (IDSA) e a HIV Medicine Association (HIVMA), por exemplo, destacaram que o acesso à informação é essencial para o controle de doenças e para a tomada de decisões médicas fundamentadas em dados.
"A remoção de recursos sobre HIV e a comunidade LGBTQ nos sites do CDC e outras agências de saúde é extremamente preocupante, criando uma lacuna perigosa nas informações científicas e dados necessários para monitorar e responder a surtos de doenças", afirmaram Tina Tan, presidente da IDSA, e Colleen Kelley, presidente da HIVMA.
Ao tentar acessar conteúdos sobre a Constituição, turismo, estágios e informações sobre presidentes passados, de ambos os partidos, Republicano e Democrata, a tela exibe o código de erro "404", indicando que a página não pode ser encontrada. A versão do site em espanhol também está indisponível.
A página "Issues" (Questões), que antes trazia tópicos como democracia, equidade e justiça, foi removida do site da administração Trump. Quando acessado o site do novo governo de extrema direita, o link que antes conduzia a essa seção agora leva a uma nova página intitulada "The Trump-Vance Administration Priorities" (As prioridades da administração Trump-Vance, em português).
Trump retirou sites com informações climáticas
No último dia 4, anunciou a medida que reforçou seu negacionismo climático, ao mandar retirar sites governamentais que expõem informações sobre crise climática. A medida foi anunciada por meio de um decreto. Um dos alvos foi o Departamento da Agricultura, que precisou remover páginas com informações sobre mudanças climáticas.
Segundo o jornal The Guardian, também ficaram fora do ar os sites USFS Climate Change Resource Center, o Climate Action Tracker e o National Roadmap for Responding to Climate Change. Esses endereços fornecem informações para conectar pessoas a ações, programas e iniciativas que combatem a crise climática.
A ordem executada pelo governo Trump foi de “identificar e arquivar ou despublicar quaisquer páginas de destino focadas em mudanças climáticas”. Desse modo, os sites precisavam documentar todos os conteúdos relacionados ao tema para a revisão do governo.
“O USDA precisa aderir aos requisitos em torno da retenção de registros, então arquive ou cancele a publicação de páginas de destino focadas em mudanças climáticas”, dizia um e-mail enviado aos funcionários do Departamento de Agricultura, de acordo com o The Guardian.
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