Um grupo de organizações de notícias ingressou com um processo judicial nesta terça-feira (11) apontando que evidências usadas na condenação de um manifestante acusado de participar da invasão do Capitólio dos EUA, em 6 de janeiro de 2021, despareceram de uma plataforma governamental online.
São nove vídeos envolvendo Glen Simon, que avançou contra uma barreira policial em 6 de janeiro antes de invadir o local. Ele foi condenado a oito meses de prisão federal, culpado de conduta desordeira e perturbadora em um prédio ou terreno restrito.
Segundo a NPR, rádio pública dos EUA que também é uma das autoras da ação judicial, por enquanto, a ausência de arquivos de vídeo parece ter afetado apenas o caso de Simon.
Mesmo assim, o acontecimento gerou alarmes entre ex-promotores que trabalharam nos casos da invasão do Capitólio. Eles temem que o governo Trump apague os registros da violência daquele dia como parte de uma tentativa de encobrir a história.
"A carreira de muitos políticos agora depende da reescrita do registro do ataque ao Capitólio", disse o ex-promotor federal Brendan Ballou, que trabalhou em casos da invasão, à NPR. "Tornar essas exibições amplamente disponíveis tornará mais difícil para as pessoas esconderem a história do que aconteceu em 6 de janeiro."
O "sumiço" dos vídeos
As organizações de mídia que estão acionando a Justiça nos EUA conseguiram obter acesso às provas judiciais do governo por meio de uma plataforma online semelhante ao Dropbox.
Recentemente, um dos advogados notou que os arquivos do caso de Simon não estavam mais disponíveis e, em 10 de fevereiro, os veículos entraram em contato com o governo e pediram que fossem restauradas as "evidências perdidas", pedindo garantia de que nenhum outro registro seria removido sem aviso prévio.
Apesar de terem prometido uma resposta "o mais rápido possível", os advogados do governo estadunidense não forneceram nenhuma explicação até o meio-dia desta terça-feira (11). Sem o retorno, as organizações estão pedindo que a Justiça intervenha e ordene que o governo disponibilize as provas e forneça uma explicação para o que aconteceu em 48 horas.
Perdão de Trump
Como um de seus primeiros atos no dia de sua posse, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, perdoou quase todos os condenados por crimes associados à insurreição no Capitólio, comutando ainda as sentenças de 14 pessoas.
No total, quase 1.600 pessoas foram acusadas e cerca de 1.300 condenadas por crimes cometidos naquele dia.
Desde então, o Departamento de Justiça removeu um site do governo que fornecia informações sobre todos os casos. O novo procurador interino dos EUA em Washington, Ed Martin, foi anteriormente um defensor dos réus de 6 de janeiro, e fez parte do protesto pró-Trump do lado de fora do Capitólio naquele dia. Martin não foi acusado de nenhuma irregularidade.
Com informações da NPR