Um suposto líder da organização Yakuza, espécie de consórcio de grupos criminosos originário do Japão, se declarou culpado nos EUA pelo crime de tráfico de materiais nucleares, atuando como parte de uma rede global que atuava ainda no tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e venda ilegal armas, numa investigação tocada pela Agência Antidrogas dos EUA, a DEA, informa a imprensa norte-americana.
Durante uma investigação secreta da DEA, iniciada em 2021, Takeshi Ebisawa tentou vender os materiais como urânio e plutônio de grau militar, que estariam em Myanmar, no Sudeste Asiático, para alguém que ele acreditava ser um general iraniano que os queria para um programa de armas nucleares. O interlocutor, na verdade, era um agente secreto dos EUA que o monitorava, segundo uma declaração do Departamento de Estado dos EUA emitido esta semana.
O cidadão japonês de 60 anos se declarou culpado na quarta-feira em um tribunal de Nova York por conspirar com uma rede de associados para traficar materiais nucleares para fora de Myanmar. Ele também admitiu acusações de tráfico internacional de drogas e porte de armas. Em 2021, Ebisawa disse a um agente disfarçado da DEA que um líder não identificado de um grupo insurgente em Myanmar poderia vender material nuclear por intermédio dele ao general iraniano fictício, para financiar uma grande compra de armas.
Um ano depois, autoridades norte-americanas prenderam Ebisawa sob acusações de conspirar para distribuir drogas nos EUA e comprar mísseis terra-ar de fabricação americana. Só no começo de 2024 é que suas relações com a questão do material atômico se transformaram em algo mais palpável que resultou na acusação formal que ele responde agora na Justiça.
Durante suas negociações com o agente secreto da DEA, Ebisawa enviou fotos retratando substâncias rochosas, ao lado de contadores Geiger, o aparelho usado para medir radiação. Segundo os promotores, um laudo pericial nas imagens indicou a presença dos elementos radioativos tório e urânio.
O Departamento de Justiça confirma que o japonês, de forma involuntária, fez a oferta para o agente do DEA que o monitorava, e contou que inicialmente ele se passava por traficante de drogas e armas ligado a uma rede internacional que opera no Japão, Tailândia, Myanmar, Sri Lanka e nos EUA.
Pelas leis norte-americanas, o integrante da Yakuza pode receber uma pena de até 20 anos de prisão pela atividade ilegal de vender material atômico. “Este caso demonstra a capacidade inigualável da DEA de desmantelar as maiores redes criminosas do mundo”, disse aos jornalistas a chefe da agência, Anne Milgram.