Liderado pelo presidente do governo espanhol, cargo equivalente ao de primeiro-ministro, Pedro Sánchez (PSOE, centro-esquerda), foi realizado nesta quarta-feira (8) um ato intitulado “Espanha em Liberdade - 50 anos”.
O evento marca os 50 anos da morte do ditador Francisco Franco e a retomada democrática no país. Franco comandou o Estado espanhol por 38 anos, de 1938 a 1975, desde sua vitória na Guerra Civil Espanhola (1936–1939), conflito que marcou o fim da chamada 2ª República, até a transição democrática que antecedeu sua morte.
O ditador governou o país de forma absoluta e instalou um regime marcado por seu alinhamento com Hitler, Mussolini e Salazar; a restauração da monarquia em 1947 – embora não tenha indicado um rei até 1975; e uma dura repressão política e econômica a opositores. As motivações para a repressão incluíam questões ligadas a nacionalidades, linhas políticas e/ou religiosas que questionassem seu governo.
Nos anos 1940, viu-se o auge dessa repressão: quase meio milhão de espanhóis emigraram; até 15 mil foram levados a campos de concentração nazistas; e mais de 350 mil se tornaram prisioneiros em mais de uma centena de campos de concentração franquistas. Segundo historiadores, o total de pessoas executadas pelo regime, desde a Guerra Civil Espanhola até o pós-guerra, ultrapassa 140 mil.
Durante o ato de hoje, o chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, destacou a transformação ocorrida no país com a democratização e a importância de se viver em liberdade. Na ocasião, o líder de centro-esquerda enfatizou que democratas podem representar ideias de direita, de centro ou de esquerda.
Em clara alusão a Elon Musk, o homem mais rico do mundo, Sánchez lembrou que o empresário ataca abertamente as instituições e patrocina os herdeiros do nazismo na Alemanha, referindo-se a comentários de Musk sobre o processo eleitoral alemão.
O líder espanhol também destacou que o fascismo já é hoje a 3ª força política na Europa e alertou que a liberdade pode ser perdida novamente.
Os partidos opositores (PP e VOX, de centro-direita e direita) não compareceram ao ato e criticaram o evento, alegando que se tratava de uma tentativa do governo de desviar a atenção da população em meio a uma série de denúncias de corrupção. Por sua vez, o Rei Felipe VI também não compareceu, alegando problemas de agenda, pois estava credenciando novos embaixadores.
Por outro lado, entre os apoiadores do governo, o partido Podemos (esquerda) também não participou, declarando que não foi convidado ao evento. Acrescentando críticas, o porta-voz do partido afirmou que o PSOE, partido de Pedro Sánchez, deveria pedir o fim da monarquia restaurada-imposta por Franco (1975–1977). Da mesma forma, os nacionalistas bascos do Bildu (esquerda) e os catalães do Junts (centro-direita) também não estiveram presentes.
Entre os aliados do executivo que marcaram presença, com todos os seus ministros, estavam os nacionalistas catalães do Esquerra (esquerda) e os nacionalistas bascos do PNV (centro).
Os representantes do governo espanhol declararam que o Rei e seus sócios de coalizão ausentes devem comparecer a novos atos programados com a mesma temática.
No último dia 6 de dezembro de 2023, Dia da Constituição – data que marca a ratificação da atual Constituição de 1978 –, Pedro Sánchez declarou que o governo deve promover cerca de 100 atos em todas as regiões do país para fortalecer a memória democrática em defesa da democracia.