O governo de Israel, por meio do ministro de Assuntos da Diáspora e Combate ao Antissemitismo, Amichai Chikli, enviou neste domingo uma carta ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) atacando o governo Lula por conta de uma decisão judicial brasileira que abriu investigação contra um soldado israelense por crimes de guerra em Gaza.
O militar Yuval Vagdani, que estava de férias na Bahia, deixou o Brasil antes de qualquer medida ser tomada pelas autoridades locais.
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Na carta intitulada "A perseguição de israelenses no Brasil pelo governo Lula", Chikli acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de apoiar ações que classificou como "abomináveis" e “vergonhosas para o governo brasileiro”. O problema é que a decisão judicial nada tem a ver com o governo federal.
“O fato de o judiciário brasileiro abraçar calorosamente os apoiadores do terrorismo e negadores do Holocausto é uma nota de rodapé histórica indigna da gloriosa história do povo brasileiro”, afirmou o ministro em recado ao filho de Bolsonaro.
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A decisão judicial, emitida em 30 de dezembro, atendeu a um pedido da Fundação Hind Rajab (HRF), organização internacional com sede na Bélgica que atua na busca de justiça para vítimas de crimes de guerra em Gaza.
A HRF apresentou mais de 500 páginas de evidências, incluindo vídeos e dados de geolocalização, que vinculariam o militar israelense a ataques contra bairros palestinos.
Em resposta à fuga do suspeito, a HRF acusou o governo israelense de coordenar sua saída do Brasil e destruir provas. “Isto é uma afronta à soberania e ao Estado de direito do Brasil”, declarou a entidade.
O caso gerou intensa repercussão. A advogada Maira Pinheiro, responsável pela ação no Brasil, tem enfrentado ameaças sequenciais ameaças volentas de sionistas. A Federação Palestina no Brasil (FEPAL) manifestou solidariedade à advogada e pediu sua proteção pelas autoridades brasileiras.
Enquanto isso, o Tribunal Penal Internacional investiga mais de mil militares israelenses por crimes de guerra em Gaza, segundo informações da mídia internacional. Israel, por sua vez, tem adotado medidas preventivas, incluindo aconselhar soldados a evitarem viagens ao exterior e removerem conteúdo de redes sociais que possa comprometer sua defesa.
Trata-se de mais uma fase da crise diplomática entre Brasil e Israel, iniciada após o presidente Lula condenar o genocídio em Gaza e as ações dos israelenses contra os palestinos.
Desde outubro de 2023, Israel matou mais de 46 mil palestinos na Faixa de Gaza. Outros 10 mil estão desaparecidos sob escombros. Mais de 100 mil pessoas foram feridas. Mais da metade eram mulheres e crianças.