CANADÁ

Como o conflito entre Trump e Canadá pode beneficiar Nicolás Maduro

As ameaças de Trump levaram a uma reação condundente da ministra das Relações Exteriores do Canadá, Mélanie Joly: "Se não formos nós, será a Venezuela"

Nicolás Maduro e Donald Trump - ilustração.
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Nesta quinta-feira (30), o presidente Donald Trump deu aval ao estabelecimento de tarifas de até 25% sobre produtos provenientes do México e do Canadá, que começam a vigorar a partir do dia 1° de fevereiro. 

Além disso, ele anunciou que deve decidir em breve se o petróleo vai entrar na linha das tarifas — já que Canadá e México são os maiores exportadores de petróleo cru para os Estados Unidos. 

A ameaça levou a uma reação contundente da ministra das Relações Exteriores do Canadá, Mélanie Joly, que falou ao Financial Times sobre as consequências esperadas desse ataque tarifário para os EUA.

De acordo com Joly, se seguir em frente com a política drástica de isolacionismo de seus maiores parceiros comerciais, os Estados Unidos se veriam diante de uma posição difícil: a quem recorrer para o fornecimento de petróleo.

Nesse caso, "Se não formos nós, será a Venezuela", disse ela. 

O Canadá exporta grande parte do petróleo cru que é refinado no Texas. Caso os EUA deixem de importar do México e de seu vizinho ao norte, pode ser que se torne dependente do produto venezuelano. "Não existe outra opção na mesa", prossegue Joly, "e essa administração não quer trabalhar com a Venezuela". 

Para tentar aliviar os ares e discutir essa política, Joly foi a Washington esta semana para se reunir com os representantes da administração Trump, incluindo Marco Rubio, Secretário de Estado de origem cubana-americana. 

"O Canadá responde por pelo menos um de cada cinco barris de petróleo consumido nos EUA, e por até 60% do petróleo cru importado", afirma o Financial Times. As refinarias do país são inteiramente dependentes desse fluxo. 

O Canadá já havia respondido às ameaças de tarifaço de Trump, assim como outros líderes de nações ameaçadas por ele nas últimas semanas desde sua posse, dizendo que aplicaria uma política similar aos importados norte-americanos, como o suco de laranja. 

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O conflito travado por Trump com o Canadá é de natureza singular: o presidente gostaria de anexar o país ao território estadunidense, transformando-o em estado dos EUA. Também já sugeriu que a Dinamarca cedesse a Groenlândia, e quer tomar para si o Canal do Panamá.

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Isso, Joly disse ao Financial Times, como disseram em outras ocasiões os líderes ameaçados pela 'geopolítica trumpista', não é nem sequer uma questão: "Nós podemos ser ótimos amigos, os melhores, mas nunca seremos um estado [dos EUA], nem uma colônia. Ponto."

À parte essa questão, Trump afirma que são os problemas de segurança transfronteiriça, no controle do tráfico de drogas e de outras ilegalidades, o que pesa na relação entre os EUA e seu vizinho do norte.

Em resposta, o Canadá planeja, agora, gastar US$ 1 bilhão para a segurança de suas fronteiras, e está empregando helicópteros de patrulha, além de cães militares e 60 novos drones para se conformar às demandas de Trump. 

Mas talvez isso não seja suficiente.

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