Um relatório preliminar da FAA (em inglês, Federal Aviation Administration, ou Administração Federal da Aviação) indica que o controlador de tráfego aéreo envolvido na colisão entre um avião comercial da American Airlines e um helicóptero da Força Aérea dos Estados Unidos estava sobrecarregado em suas funções.
Segundo relatório interno revisado pelo jornal The New York Times, o funcionário que estava controlando os helicópteros nas proximidades do aeroporto Ronald Reagan, de Washington, onde ocorreu o acidente nesta quarta-feira (29) à noite, também estava instruindo os aviões que estavam pousando e decolando de suas pistas. São tarefas normalmente atribuídas a dois controladores diferentes.
A situação aumenta a carga de trabalho do controlador de tráfego aéreo e pode complicar o trabalho, segundo o periódico. Um motivo é o fato de os controladores poderem usar diferentes frequências de rádio para se comunicar com os pilotos de aviões e os de helicópteros. Enquanto ele está se comunicando com os dois, os condutores das aeronaves podem não conseguir ouvir um ao outro.
Os socorristas ainda estão trabalhando para recuperar os corpos das 67 vítimas, 64 no avião e três a bordo do helicóptero Black Hawk. Entre os passageiros do jato estavam membros da equipe de patinação artística dos EUA, vários patinadores russos, treinadores e familiares.
Sobrecarga geral
Boa parte das torres de controle de tráfego aéreo dos EUA convive com o problema da falta de pessoal há anos, e o aeroporto Ronald Reagan não é diferente.
A torre estava quase um terço abaixo dos níveis de pessoal, segundo metas definidas pela FAA e pelo sindicato dos controladores. Embora ambos definam o número de 30 pessoas, havia 19 controladores totalmente certificados em setembro de 2023, de acordo com um relatório anual enviado ao Congresso.
Com a escassez, muitos controladores são obrigados a trabalhar até seis dias por semana e 10 horas diárias, conforme o NYT.
Na semana passada, o deputado democrata Rick Larsen havia alertado que o congelamento das contratações federais de Trump poderia piorar a falta de pessoal entre os controladores de tráfego aéreo.
"Contratar controladores de tráfego aéreo é a questão de segurança número um de acordo com toda a indústria da aviação", disse Larsen, de acordo com o Common Dreams. "Em vez de trabalhar para melhorar a segurança da aviação e reduzir os custos para as famílias americanas trabalhadoras, a administração está escolhendo espalhar alegações falsas de DEI para justificar essa decisão. Não estou surpreso com as ações perigosas e divisivas do presidente, mas a administração deve reverter o curso."
Tráfego intenso
Um projeto de lei de 2024 permitiu que fossem adicionados voos ao aeroporto já movimentado, apesar de uma forte pressão por parte de alguns legisladores em Maryland, Virgínia e Washington DC, que alertaram sobre as condições perigosas no local.
Na ocasião das tratativas sobre a votação, o senador democrata da Virgínia Tim Kaine disse estar preocupado com o congestionamento no aeroporto, que possui um espaço aéreo compartilhado por aeronaves militares.
"Nós que representamos a região muitas vezes tentamos argumentar que, ouça, temos alguns outros aeroportos aqui... Vamos distribuir o tráfego entre os aeroportos porque esse problema de congestionamento tem sido uma preocupação", disse Kaine a Steve Inskeep, da rádio pública NPR, acrescentando que também estava preocupado se havia controladores de tráfego aéreo suficientes.