Em entrevista concedida ao Opera Mundi, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, empossado em 10 de janeiro, falou acerca das relações com o Brasil em tom amigável e definitivo, e se mostrou disposto a amenizar possíveis divergências.
Maduro e o presidente Lula passaram por momentos conflituosos desde as eleições presidenciais venezuelanas, ocorridas em julho de 2024.
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Lula exigira de Maduro a apresentação das atas eleitorais que comprovassem sua vitória no pleito, e chegou a dizer que não reconhecia sua vitória "ainda".
"Nós queremos que o Conselho Nacional, que cuidou das eleições, diga publicamente quem ganhou", disse ele em entrevista concedida à Rádio T, de Curitiba, em 15/08/24.
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O presidente também informou, em janeiro deste ano, que decidiu não comparecer à posse de Maduro, e designou em seu lugar a diplomata brasileira Gilvânia Maria de Oliveira, embaixadora do Brasil na Venezuela.
Em entrevista com Breno Altman, do Opera Mundi, durante o programa "20 Minutos", Maduro falou, nesta segunda-feira (27), que "não houve, não há e não haverá" crise diplomática entre os países, mas apenas uma "diferença entre os ministérios das Relações Exteriores", entre seus assessores "de lá e de cá".
“Temos este caminho traçado, e, se há diferenças de opinião, a única forma é falar, se comunicar”, disse Maduro. “Nosso ministro das Relações Exteriores está em comunicação constante e fluida com o ministro das Relações Exteriores Mauro (Vieira). A única maneira, o único caminho que temos é o do entendimento, pela América Latina, pelo Caribe, pela paz e pelo desenvolvimento dos nossos países”.
Maduro quer virar a página, e ressaltou a necessidade de priorizar relações bilaterais "pacíficas, de cooperação, de irmandade, de progresso econômico" com o Brasil, diante de um cenário geopolítico conturbado — com a eleição de Donald Trump e suas sucessivas investidas contra os países latino-americanos.
O presidente venezuelano afirmou, ainda, que quer olhar para o futuro, e deseja também o reconhecimento "daquilo que já é realidade": que a Venezuela faz parte do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Acerca das eleições de 2024, Maduro se posicionou em favor de um sistema eleitoral "absolutamente auditável", que, no caso da Venezuela, passou pelo processo de auditoria 15 vezes: "Digam-me, em que parte do mundo existe um sistema eleitoral que é auditado 15 vezes?", pergunta durante a entrevista. "Foram 15 auditorias! Antes, durante e depois do processo, só na Venezuela".
"Nosso povo sabe, as instituições sabem, o Supremo Tribunal de Justiça fez uma avaliação tremenda do processo e ficou demonstrado, tal como nas 31 eleições anteriores que realizamos – realizamos 31 eleições em 25 anos, um recorde mundial – ficou demonstrado, tal como nas 31 eleições anteriores, que se trata de um processo em que prevaleceu a soberania popular".
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