BIZARRO

Embaixadora de Trump na ONU: Israel tem "direito bíblico" à Cisjordânia

Em nome de um deus, Tel Aviv toma terra alheia

Expansionismo "bíblico".Um dos mapas da Grande Israel prevê avanço sobre Egito, Iraque e Arábia Saudita
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A futura embaixadora dos Estados Unidos às Nações Unidas, a deputada extremista de Nova York Elise Marie Stefanik, disse em audiência de confirmação no Congresso que Israel tem "direito bíblico" à Cisjordânia, colocando-se ao lado de fundamentalistas religiosos como Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich.

Ben Gvir renunciou ao cargo de ministro da Segurança Nacional do governo de Benjamin Netanyahu depois que o primeiro-ministro, pressionado por Donald Trump mas contra sua própria vontade, aceitou um cessar-fogo com o Hamas em Gaza.

Ben Gvir e dois outros integrantes do partido religioso Poder Judaico defendem a anexação completa da Cisjordânia e novos assentamentos em Gaza.

É a mesma posição do ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, que nega a existência do povo palestino e fez uma aparição pública em Paris diante de um pódio onde aparecia um mapa da Grande Israel incluindo território do Líbano, Síria e Jordânia.

Na mesma audiência, Stefanik negou que seu colega de governo Elon Musk tenha feito a saudação nazista em um comício durante a posse de Donald Trump. Porém, ela admitiu não ter visto a cena.

Grande Israel em marcha

Para efeitos práticos, depois de enfraquecer o Hamas em Gaza através de um genocídio que matou mais de 50 mil pessoas e demolir quase toda a infraestrutura do Hezbollah no Líbano, Israel assumiu controle "de fato" sobre o sul do território libanês.

Tirando proveito da queda do governo da Síria, também assumiu o controle das nascentes do rio Jordão no monte Hermon, nas colinas de Golã.

Israel anexou de fato o território da Síria com apoio de Donald Trump, em seu primeiro mandato.

Tel Aviv depende de usinas de dessalinização de água do mar para abastecimento da população e da agricultura, daí o interesse não declarado publicamente de controlar recursos naturais de países vizinhos.

Depois de tirar proveito do cessar-fogo, posando ao lado de famílias de reféns em Gaza, Donald Trump assinou uma medida executiva em que cancela as sanções estadunidenses contra colonos de Israel na Cisjordânia, que ocupam território em violação de leis internacionais e de resoluções das Nações Unidas.

Na prática, é endosso à violência dos colonos contra palestinos. Ben Gvir e Bezalel Smotrich são eles próprios colonos.

Solapando o que resta de soberania palestina

A expectativa é de que Trump volte a cortar o financiamento da agência das Nações Unidas para refugiados palestinos, a UNWRA, que o governo de Netanyahu batalha para extinguir.

A UNWRA atende refugiados palestinos não apenas em Gaza, mas também no Líbano e na Jordânia. É a agência que mantém todas as informações e registros sobre o chamado "direito de retorno" dos palestinos às terras das quais foram expulsos por Israel.

Acabar com a UNWRA equivale a "apagar a memória" da ocupação de terra alheia.

Na primeira entrevista depois de assumir o poder, no Salão Oval, Donald Trump referiu-se a Gaza como se fosse apenas uma área com grande valor imobiliário, lembrando que o território palestino é banhado pelo mar Mediterrâneo.

Projetos de anexação de Gaza tornados públicos em Israel passam pela ideia de expulsar totalmente a população palestina, o que Israel vem tentando fazer há décadas, ao tornar inabitável a área de 365 quilômetros quadrados.

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