Em seu discurso de posse no Capitólio, três anos depois de apoiadores dele terem invadido a sede do Congresso dos Estados Unidos, Donald Trump prometeu hoje retomar o controle do canal do Panamá, cujo controle o governo de Jimmy Carter retornou aos panamenhos em 31 de dezembro de 1999.
Os Estados Unidos promoveram a divisão da Colômbia formalmente em 3 de novembro de 1903, quando o Panamá declarou independência com apoio militar de Washington.
Em 1921, os EUA "compraram" o reconhecimento do Panamá como Nação independente pela Colômbia, por U$ 25 milhões.
Depois de concluir a construção do canal, os EUA controlaram a zona do canal totalmente até 1977, fazendo do país um protetorado.
"Nós não entregamos o canal para a China", disse Trump hoje no discurso, ao anunciar o objetivo de retomar o controle.
Na sala, estava presente o vice-presidente chinês Han Zheng.
Curiosamente, Trump se apresentou no discurso como um homem "da paz" -- anteriormente, ele não descartou o uso de força militar para retomar o controle do canal do Panamá.
O atual presidente do Panamá, José Raúl Mulino, é um forte apoiador da derrubada de Nicolás Maduro na Venezuela e reconhece Edmundo González Urrutia como presidente eleito.
Agora, se vê encostado na parede por um suposto aliado.
Recentemente, Mulino celebrou o 9 de Janeiro, Dia dos Mártires no Panamá, quando estudantes foram reprimidos depois de protestar contra os Estados Unidos exigindo soberania.
O "golfo da América"
Conforme disse hoje no discurso, nas próximas horas Trump vai assinar uma medida executiva renomeando o golfo do México como "golfo da América".
A decisão não tem repercussão prática imediata, mas deve impactar no currículo da geografia ensinada nas escolas dos Estados Unidos.
Sobre a renomeação do golfo do México, que banha o sul dos Estados Unidos, a presidente Claudia Sheinbaum já respondeu dizendo que faria mais sentido renomear o vizinho como os "Estados Unidos da América Mexicana".
Pela expressão facial, o discurso de Trump causou claro mal estar entre os ex-presidentes dos EUA, inclusive o republicano George W. Bush.
Dos líderes estrangeiros, pouquíssimos foram admitidos na rotunda do Capitólio, dentre eles o vice chinês Han Zheng e o presidente da Argentina, Javier Milei.
No discurso, Trump citou o Destino Manifesto, doutrina expansionista dos Estados Unidos em direção ao Pacífico.
Hoje, mirou no Panamá.
"O futuro é nosso e nossa era dourada acaba de começar", afirmou o republicano ao encerrar a fala.