EMBATE NA EUROPA

Espanha: independentistas catalães dão ultimato a Pedro Sánchez e colocam seu governo em risco

Com diferentes linhas de pensamento que vão da direita à esquerda, os nacionalistas-independentistas catalães têm ameaçado deixar de dar apoio ao governo espanhol

O presidente do governo espanhol Pedro Sánchez.Créditos: Reuters/Folhapress
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Após quase oito anos da fracassada tentativa de um referendo (em 1º de outubro de 2017) e de uma declaração unilateral de independência da Catalunha, que resultou na prisão de vários políticos e na fuga de outros para países europeus, políticos independentistas catalães voltam a agitar a política espanhola.

Diante da incapacidade do maior partido do parlamento espanhol, o Partido Popular (PP, de centro-direita), de formar um governo, Pedro Sánchez conseguiu estabelecer seu terceiro governo (16 de novembro de 2023), desta vez como um governo de minoria parlamentar.

Contando não só com o apoio de Sumar (ex-Unidas Podemos, aliança de agremiações de esquerda), mas também com o “apoio externo e inédito” de agremiações nacionalistas-independentistas (vascas e catalãs), Sánchez governa sob pressão constante.

Se, por um lado, a direita (VOX) e a centro-direita (PP) atacam de todas as maneiras, com denúncias de corrupção sobre ministros e acusações de dividir o país, por outro, seus apoiadores externos catalães também se levantam.

Com diferentes linhas de pensamento que vão da direita à esquerda, os nacionalistas-independentistas catalães têm ameaçado deixar de dar apoio ao governo espanhol. Entre suas pautas de reivindicações estão verbas do orçamento, posições governamentais na região da Catalunha, maior controle de imigração fronteiriça e, por fim, os debates sobre anistia — relacionados ainda com o episódio do referendo de 2017.

É nesse contexto que, nesta quinta-feira (16 de janeiro de 2025), os maiores líderes do referendo de 2017, Carles Puigdemont (Junts, independentistas catalães de centro-direita) e Oriol Junqueras (Esquerra Republicana, independentistas catalães de centro-esquerda), se encontraram na Bélgica.

Após um período de relações congeladas, ambos os líderes voltaram a dialogar sob o argumento de buscar pontos comuns em suas trajetórias.

Puigdemont era o presidente da Generalitat da Catalunha na época do referendo (equivalente a governador de estado no Brasil); por sua vez, Oriol Junqueras era o vice e secretário de Economia daquele governo.

O primeiro fugiu da Espanha após a declaração de independência e a consequente destituição feita pelo Tribunal Constitucional da Espanha, vivendo hoje na Bélgica; o segundo, também destituído, como todos os membros daquele governo, permaneceu no país e acabou preso e condenado a 13 anos por rebelião e malversação de recursos.

Na prática, Junqueras cumpriu cerca de três anos de prisão até 2021, momento em que o segundo governo de Pedro Sánchez aprovou um indulto que beneficiou alguns líderes, incluindo Junqueras.

Por ora, já no terceiro governo de Sánchez e cada vez mais refém dos interesses dos nacionalistas-independentistas catalães, o presidente em exílio de Junts, Carles Puigdemont, um dia após sua reunião com Junqueras, nesta sexta-feira (17), declarou a interrupção das negociações de orçamento com o PSOE. Os independentistas reclamam uma reunião urgente na Suíça ou na Bélgica, ameaçando derrubar o governo liderado pelo socialista.

Algumas questões que ficam são: 1) até que ponto chegariam os catalães ao fim do governo Sánchez III? 2) A eles interessa apoiar um governo com a direita, composta por PP e VOX (herdeiros de Franco e seus principais rivais do independentismo)? 3) Como Sánchez e o PSOE sairão desse ultimato diante de um orçamento limitado, ainda a ser distribuído por todas as regiões?

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