Nesta segunda-feira (2), a chanceler da Argentina Diana Mondino confirmou que Buenos Aires apoia uma proposta uruguaia que, na prática, pode colocar fim ao Mercosul.
Desde 2021, Montevidéu tem a intenção de estabelecer acordos de livre comércio com a China e outros países fora do bloco econômico. Dessa forma, os acordos de livre comércio valeriam para países específicos, mas não para a coletividade.
Isso permitiria diferentes taxas e regras comerciais e de competitividade dentro do bloco, algo incompatível com a própria existência do Mercosul.
Atualmente, o Mercosul só permite que acordos desse tipo sejam negociados coletivamente, como vem acontecendo entre os países do grupo e a União Europeia.
No entanto, um possível acordo entre Pequim e Montevidéu colocaria fim à Tarifa Externa Comum (TEC) para produtos chineses no Uruguai, ameaçando parte do arcabouço legal do Mercosul.
Até agora, o Uruguai estava isolado na questão.
O governo de Javier Milei aderiu oficialmente à posição uruguaia. Bolívia, Brasil e Paraguai seguem defendendo a unidade dos acordos comerciais.
O bloco tem enfrentado problemas de governança há anos e dificuldades para subsistir. A principal razão de união do grupo nos últimos anos era o acordo UE-Mercosul, que está completamente paralisado na Europa e tem poucas chances de ser efetivado.
Agora, com uma divisão entre os países em um tema tão sensível, a própria existência do Mercosul fica em risco, o que pode recolocar os membros em uma posição de competitividade comercial, protecionismo econômico e ausência de cooperação, retrocedendo na integração regional.
"Nos últimos anos, o Mercosul não conseguiu se tornar um instrumento de acesso a grandes mercados externos, aliado a uma Tarifa Externa Comum elevada para os padrões internacionais. A Argentina propõe, portanto, que os membros do bloco dispostos a abrir novos mercados sejam autorizados a começar negociações individuais ou plurilaterais", disse Mondino nesta segunda-feira.
“Preparamos uma proposta para a aplicação sequencial de diferentes modalidades de negociação, mais flexíveis, com terceiros países ou grupos de países”, afirmou.
“Nossa intenção é que, se durante um período de tempo (duas reuniões do Grupo Mercado Comum) não se chegar a um entendimento para negociar em conjunto, as negociações possam ser iniciadas nesta terceira modalidade, e os Acordos assinados estarão abertos à adesão dos demais Estados Partes", considerou a ministra.