Morreu nesta quarta-feira (11), aos 86 anos, o ditador genocida peruano Alberto Fujimori, uma das figuras mais sinistras do universo político latino-americano do século XX. Condenado por corrupção e por crimes contra a humanidade, o verdugo sofria de um câncer na língua e estava vivendo na residência da família, num bairro nobre de Lima, desde dezembro do ano passado, após passar muitos anos na cadeia. Ele conseguiu um habeas corpus por conta de sua idade avançada e do quadro grave e irreversível de saúde.
O anúncio da morte do ditador foi feito por sua filha, Keiko Fujimori, herdeira política do genocida que já disputou as eleições para a presidência do Peru três vezes, convertendo-se no principal expoente da extrema direita no país andino. “Após uma longa batalha contra o câncer, nosso pai, Alberto Fujimori, acaba de partir para o encontro com o Senhor. Pedimos àqueles que o estimaram que nos acompanhem com uma oração pelo descanso eterno de sua alma. Obrigado por tudo, papai”, escreveu Keiko numa nota oficial divulgada pela família e assinada por ela.
Eleito democraticamente em 1990, Fujimori impôs uma política econômica duríssima ao povo peruano, apelidada de “fujishock”. Dois anos depois, em 1992, deu um autogolpe, dissolvendo o Congresso, fechando todas as instâncias do Poder Judiciário e do Ministério Público, impondo um regime de exceção brutal e repleto de censura, repressão, prisões ilegais, torturas e mortes.
Com a Constituição alterada e permitindo então a reeleição, Fujimori se candidata em 1995 e, com base na forte repressão que empreendeu contra grupos que praticavam atos de terrorismo, ele consegue vencer. Mas os próximos anos seriam de aumento do autoritarismo e de perda de popularidade. Em 2000, diante de uma série de escândalos de corrupção, ele foge para o Japão e renuncia.
Seu regime ditatorial foi responsável pela morte de milhares de pessoas e por atos bárbaros, como a esterilização forçada de inúmeras mulheres pobres de origem indígena do país. Por esses crimes, assim como pela prática de corrupção, Fujimori foi condenado por crimes contra a humanidade e recebeu uma pena de 25 anos de prisão, tendo passado a maior parte das duas últimas décadas no cárcere.
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