O governo dos EUA parece estar disposto a entrar na briga entre o estado brasileiro e o bilionário Elon Musk, o dono da rede ‘X’ (antigo Twitter) e da empresa de satélites Starlink, entre outros empreendimentos, após a suspensão da plataforma no país por uma decisão do Supremo Tribunal Federal, que não admite que a famosa rede social não tenha representantes legais em território nacional. A manifestação da Casa Branca veio por parte da Embaixada dos EUA em Brasília.
“A Embaixada dos EUA está monitorando a situação entre o Supremo Tribunal Federal e a plataforma X. Ressaltamos que a liberdade de expressão é um pilar fundamental em uma democracia saudável. Por política interna, não comentamos decisões de tribunais ou disputas legais”, disse a representação diplomática estrangeira em nota, tentando manter o tom de isenção, mas fazendo insinuações sobre a democracia e a liberdade de expressão brasileiras.
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Curioso notar que o governo norte-americano repete o discurso já batido e simplista da “liberdade de expressão total” para as redes sociais, embora tenha banido dos EUA a plataforma de vídeos TikTok, umas das mais importantes e usadas no mundo, que é chinesa, sob um pretexto risível de que a empresa “ameaça a segurança nacional por acessar informações de cidadãos dos EUA, que podem ser compartilhadas com o governo chinês”.
Lula entra na briga e empareda Musk
Em entrevista a uma rádio na Paraíba, onde cumpre agenda nesta sexta-feira (30), o presidente Lula colocou Elon Musk em seu devido lugar ao comentar a decisão de Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que pode resultar no bloqueio da rede X, que pertence ao bilionário, no Brasil.
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Na noite de quarta-feira (28), o ministro do Supremo determinou que Musk indicasse um representante no Brasil da rede X - norma que vigora para todas as empresas estrangeiras que atuam no país. Caso ele não cumprisse a decisão, haveria a derrubada da plataforma. Até a manhã desta sexta-feira, o X segue ativo.
"Todo e qualquer cidadão, de qualquer parte do mundo, que tem investimento no Brasil, está subordinado à Constituição e às leis brasileiras. Portanto, se a Suprema Corte tomou uma decisão para o cidadão cumprir determinadas coisas, ou ele cumpre ou vai ter que tomar outra atitude. Não é porque o cara tem muito dinheiro que pode desrespeitar. Esse cidadão é americano, não é um cidadão do mundo. Ele não pode ficar ofendendo deputado, o Senado, presidente da Suprema Corte. Ele pensa que é o quê?", disparou Lula.
O presidente brasileiro ainda ressaltou que o bilionário, que apoia a narrativa bolsonarista de "ditadura do Judiciário" no país e incita golpes mundo afora para defender seus interesses econômicos, "tem que respeitar a decisão da Suprema Corte brasileira".
"Se quiser, bem. Se não quiser, paciência. Se não for assim, esse país nunca será soberano. Não é uma sociedade com complexo de vira-latas: que o cara americano gritou e a gente fica com medo. Não! Esse cara tem que aceitar as regras desse país. E se esse país tomou uma decisão através da Suprema Corte, ele tem que aceitar. O que vale para mim, vale para ele", concluiu.