Documentos da CIA revelam que, entre 1981 e 1983, o candidato à presidência da oposição venezuelana Edmundo González Urrutía foi o número dois da Embaixada da Venezuela em El Salvador, quando se realizava a Operação Centauro, um plano que matou indígenas e ativistas populares em El Salvador, pequeno país na América Central.
Ele era o segundo diplomata mais importante da embaixada da Venezuela no país, apenas atrás de Leopoldo Castillo, acusado como como o chefe da operação.
González não foi citado como um agente direto pelos massacres, mas era o número dois da chancelaria em que os crimes foram planejados.
Castillo foi denunciado em 2009 pelos documentos desclassificados pela CIA como o agente de inteligência responsável pela operação.
O plano matou mais de 13.194 civis, segundo artigo de Nidia Díaz, advogada salvadorenha e membra da Frente Faribundo Martínez de Libertação Nacional (FMLN).
Durante a presença de González em El Salvador, pelo menos três crimes contra civis foram realizados: o Massacre de el Mozote - em que mais de 900 civis, incluindo crianças e mulheres -, a Operação Rescate - com dezenas de mortes -, e o Massacre de Copapayo - com algo entre 120 e 150 mortos.
Ou seja: o diplomata tido como “pacato” e “pacífico” colocado como poste da extremista Maria Corina Machado para ser o rosto da oposição venezuelana nas eleições foi uma das figuras centrais do estamento diplomático responsável por um plano de extermínio durante a Guerra Civil de El Salvador.
A história ganhou ainda mais repercussão quando Diosdado Cabello, líder do partido da revolução bolivariana, revelou que “sob as ordens de Leopoldo Castillo, e com a intermediação de Edmundo González Urrutia, os infames esquadrões da morte realizaram massacres de civis inocentes, perseguições, assassinatos de professores e líderes comunitários, líderes religiosos e até crianças”.
“Edmundo estava claramente comprometido com essas atrocidades, sendo parte ativa do financiamento e da logística desses atos brutais. A situação era tão grave que a própria Igreja Católica e algumas organizações internacionais estavam alçando a voz contra a violência no país”, dizia a carta lida pelo líder do PSUV.
Antes dos anos 1990, a Venezuela era completamente alinhada aos interesses estadunidenses na região e serviu como base de operação para diferentes interesses de Washington na região. A situação só mudou com a chegada de Hugo Chávez ao poder em 1999.
Os ativistas salvadorenhos exigem que tanto ele como Leopoldo Castillo sejam julgados e condenados por seus crimes contra a humanidade, que são imprescritíveis segundo o direito internacional.
Com informações de Cubadebate, Prensa Latina, Opera Mundi e FMLN.