Mohammad bin Salman é um dos homens mais poderosos do mundo todo. O príncipe saudita é dono de uma fortuna bilionária mas, mais do que isso, desponta como o chefe de governo de facto da Arábia Saudita, sendo a liderança por trás do investimento massivo do petroestado em futebol e relações públicas.
Salman foi o responsável por dar algumas joias de presente para Jair Bolsonaro. Elas teriam sido o pivô do esquema de venda e peculato pelo qual o ex-presidente foi indiciado nesta quinta-feira (4).
O inelegível recebeu ítens de luxo dos sauditas estimadas em R$ 5 milhões e teria vendido as joias no Brasil e no exterior com apoio do ajudante de ordens Mauro Cid.
Patrão de Neymar?
Mohammad bin Salman é o CEO do Public Investment Fund (PIF), um fundo de investimentos controlado pelas principais cabeças do estado saudita.
Ele foi o responsável pela aquisição do clube inglês Newcastle, um dos maiores movimentos de sportswashing de todos os tempos. E decidiu transformar a Liga Saudita em um campeonato de alto prestigio com a contratação de craques europeus para clubes como al-Nassr, al-Ahli, al-Ittihad e al-Hilal, o time do Neymar.
Mas não é só de doação de joias e sportswashing que vivem os sauditas. O PIF tem parte na Blackstone, na multinacional de turismo Accor, na Uber e recentemente anunciou um programa de investimentos em energia verde no Brasil, confirmado pelo ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira.
Os esqueletos no armário
Os sauditas, com seu dinheiro praticamente infinito oriundo do petróleo, conseguiram comprar sua entrada em praticamente todos os lugares do mundo.
Fazem parte dos BRICS, são aliados dos EUA, melhores amigos dos chineses, deram as joias a Bolsonaro e agora anunciam investimentos no governo Lula. Os sauditas, por conta de seu poder e importância na cadeia mundial de petróleo, conseguem se balancear entre inimigos e manter seus interesses sempre garantidos ao redor do mundo.
Um dos principais problemas de imagem do governo está relacionado ao jornalista Jamal Kashoggi, profissional de imprensa saudita que vivia nos EUA e era crítico da monarquia absolutista do país. Ele foi esquartejado e morto no Consulado da Arábia Saudita em Istambul no ano de 2018.
Os sauditas afirmam que houve uma briga, mas nunca assumiram a responsabilidade pela morte do profissional de imprensa. O "esqueleto no armário" se tornou uma das questões mais delicadas das relações exteriores sauditas, que tentam abdicar do posto de teocracia ditatorial para adotar a imagem de autocracia mais moderna do Oriente Médio.