As duas maiores potências mundiais, Estados Unidos e China, se manifestaram na manhã desta segunda-feira (29) sobre as eleições na Venezuela.
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O atual presidente venezuelano, Nicolás Maduro, obteve, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), 51,2% dos votos, se reelegendo para seu terceiro mandatado e vencendo o candidato opositor Edmundo González Urrutia, que ficou com 44,2%. Os números foram divulgados quando 80% das urnas já haviam sido apuradas, pois a essa altura não seria mais possível, matematicamente, reverter o resultado
A oposição venezuelana, como já era esperado, não reconheceu a vitória de Maduro, apesar de ter assinado um acordo para respeitar o resultado eleitoral, e vêm adotando a narrativa de fraude.
Edmundo González Urrutia, o candidato opositor do mandatário chavista, convocou a população a fazer vigílias nos centros de votação até que sejam apresentadas as atas eleitorais de cada seção. "Os resultados são inegáveis. O país escolheu uma mudança pacífica", afirmou, ignorando os resultados apresentados pelo CNE.
Em discurso a apoiadores após o anúncio de sua vitória, Maduro celebrou a votação tranquila e sem incidentes, prometeu "resgatar todos os direitos violados pela guerra económica" e cobrou que seus adversários respeitem o resultado da eleição. "Na Venezuela haverá paz, estabilidade e justiça”, declarou.
"É isso que retrato como presidente, respeito pela Constituição, pelos poderes públicos e pela vida soberana da Venezuela, respeito pela vontade popular (…) Vou defender a nossa lei e o nosso desejo", prosseguiu o mandatário.
A China, através do porta-voz de seu Ministério das Relações Exteriores, Lian Jian, reconheceu a vitória de Maduro e cumprimentou o presidente venezuelano.
"A China está pronta para enriquecer a parceria estratégica com a Venezuela e para beneficiar os povos dos dois países”, disse o chinês em pronunciamento à imprensa.
Já os Estados Unidos endossaram a oposição venezuelana ao afirmarem que acompanham a divulgação dos resultados eleitorais "com preocupação". A manifestação foi feita pelo secretário de Estado Antony Blinken.
“Temos sérias preocupações de que o resultado anunciado não reflete a vontade ou os votos do povo venezuelano. A comunidade internacional está observando isso de perto e responderá adequadamente", disse Blinken em pronunciamento a jornalistas.
O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, por sua vez, pediu “total transparência no processo eleitoral” na Venezuela.
"O povo da Venezuela votou pacificamente e em grande número sobre o futuro do seu país. A sua vontade deve ser respeitada. É vital garantir total transparência no processo eleitoral, incluindo a contagem detalhada dos votos e o acesso aos registos de votação nos centros de voto", escreveu Borrell nas redes sociais.
Governo Milei na ofensiva contra Maduro
A Plataforma de Unidade Democrática (PUD), de Urrutia e da líder opositora Maria Corina Machado, está fazendo uma contagem paralela.
No X, afirmou: "Denunciamos que o CNE está se negando a nos transmitir dados eleitorais em vários centros de votação".
O deputado governista Diosdado Cabello disse com ironia que a contagem dos votos na Venezuela não é feita pelo Departamento de Estado dos EUA, nem pela ONG Súmate, aliada da oposição, mas pelo CNE.
Tradicionalmente, a oposição venezuelana denuncia fraude e promove protestos com apoio de pesquisas e atores políticos estrangeiros.
O ex-presidente da Argentina, Mauricio Macri, antes mesmo do anúncio dos resultados, afirmou:
A maioria dos venezuelanos falou alto e claro: Maduro deve deixar o poder. [...] Apelamos à comunidade internacional, e especialmente aos países da região, que devem garantir o compromisso com a democracia, para não permitir que esta ditadura se perpetue.
A Venezuela denunciou o cerco à embaixada de seu país em Buenos Aires por um grupo de manifestantes, que contou com a presença da ministra da Segurança, Patricia Bullrich.
A chanceler argentina Diana Mondino entrou na ofensiva: "Maduro: RECONHEÇA A DERROTA", escreveu no X.
O presidente argentino Javier Milei, por sua vez, postou durante a madrugada:
"DITADOR MADURO, FORA!!! Os venezuelanos optaram por acabar com a ditadura comunista de Nicolás Maduro. Os dados anunciam uma vitória esmagadora da oposição e o mundo espera que esta reconheça a derrota após anos de socialismo, miséria, decadência e morte. A Argentina não vai reconhecer mais uma fraude e espera que desta vez as Forças Armadas defendam a democracia e a vontade popular".
O chanceler da Venezuela, Yvan Gil, respondeu chamando Milei de "nazista nauseabundo". Disse que o povo argentino apresentará a fatura a Milei "mais cedo ou mais tarde".
Brasil e EUA cautelosos
O ex-chanceler brasileiro Celso Amorim, que foi a Caracas na qualidade de observador, segundo um repórter da rede Telesur disse: "Vamos aguardar os resultados finais e esperamos que sejam respeitados por todos os candidatos".
Amorim manteve contato durante o dia com observadores do Centro Carter, ligado ao ex-presidente dos Estados Unidos, e com o painel de especialistas das Nações Unidas.
Mais cedo, uma mensagem da democrata Kamala Harris no X sugeriu que os Estados Unidos vão respeitar os resultados.
Ela escreveu:
"Os Estados Unidos apoiam o povo da Venezuela, que expressou a sua voz nas históricas eleições presidenciais de hoje. A vontade do povo venezuelano deve ser respeitada. Apesar dos muitos desafios, continuaremos a trabalhar em prol de um futuro mais democrático, próspero e seguro para o povo da Venezuela".