NOS EUA

Trump é mais vulnerável que parece a uma nova chapa democrata

Campanha para valer só em setembro

Entusiasmo.A base de Donald Trump está entusiasmada, mas pode não bastar para vencer a eleição.Créditos: Reprodução de vídeo
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Em seu comício de sábado, 20, em Grand Rapids, Michigan, Donald Trump arrastou um impressionante público de 12 mil pessoas para ouví-lo.

Depois de escolher o senador JD Vance para formar chapa puro sangue, mais identificada com seu movimento Make America Great Again do que com o próprio Partido Republicano, Trump surfa no entusiasmo dos seus seguidores.

A estratégia dele está claramente focada em trabalhadores brancos de classe média baixa de estados como Michigan, Pensilvânia, Indiana, Ohio, Virgínia Ocidental, Illinois e Kentucky -- o chamado Cinturão da Ferrugem.

A campanha eleitoral nos EUA só começa para valer em setembro.

Neste momento, o principal ativo de um candidato é uma base entusiasmada.

São os eleitores que vão se engajar pelo candidato nas redes sociais e, mais tarde, como voluntários de campanha -- como o voto não é obrigatório nos EUA, é impossível vencer sem convencer seus próprios eleitores a comparecer.

Por isso, neste momento o entusiasmo é um ativo mais importante do que propriamente as doações em dinheiro, que em boa parte dependem do entusiasmo.

Os governadores Spritzer, Shapiro e Newson estão na lista de possíveis escolhidos para formar chapa com Kamala Harris.

DISCURSO RUIM

Donald Trump ofereceu carne crua a seus seguidores tanto na Convenção Republicana quanto em eventos subsequentes.

Mas isso não basta para vencer a eleição.

Em 2020, o pleito foi definido nos seis estados decisivos por apenas 320 mil votos.

Biden construiu, então, uma coalizão que reuniu o voto feminino, negro, hispânico e dos jovens, agrupamento onde o presidente dos EUA veio sofrendo baixas ao longo de seu mandato.

As chances do Partido Democrata residem em reconstruir a coalizão e Kamala Harris pode ajudá-los entre os eleitores negros, mas principalmente com o voto feminino.

Ela é a principal advogada do direito ao aborto depois que a Suprema Corte anulou a decisão Roe vs. Wade.

O tema é tão importante que Donald Trump não o mencionou uma única vez no discurso em que aceitou oficialmente a indicação do Partido Republicano, em Wisconsin.

Tudo indica que o vice de Kamala Harris será um dos governadores democratas com alta popularidade, com destaque para Josh Shapiro (Pensilvânia), Gavin Newson (California) e JB Pritzker (Illinois), o bilionário herdeiro da rede de hotéis Hyatt.

Desde o desastroso discurso de Trump na Convenção Republicana, os democratas se animaram sobre as chances de derrotá-lo novamente.

Trump terá de se equilibrar para que suas futuras ofensas a Kamala Harris não sejam vistas como ataques ao eleitorado feminino como um todo.

Além disso, Trump agora é o idoso na campanha: 78 anos, contra 59 de Kamala.

O republicano está certo de que consegue vencer a eleição sem contar com fatia significativa do eleitorado que se define como independente. Se o fizer, será algo histórico nos Estados Unidos.