No último domingo (14), a líder do partido Força Popular Keiko Fujimori afirmou que seu pai, Alberto Fujimori, vai concorrer às próximas eleições presidenciais do Peru em 2026. "Meu pai e eu conversamos e decidimos juntos que ele será o candidato presidencial", disse Keiko em uma postagem publicada no ex-Twitter.
Embora tenha feito o anúncio, é pouco provável que o ex-ditador consiga concorrer. Hoje com 85 anos, tem um estado de saúde considerado frágil, e há algumas semanas sofreu um acidente no quadril que o deixou hospitalizado.
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Além disso, já foi condenado a 25 anos de prisão pelos massacres de La Cantuta, em 1991, e Barrios Altos, em 1992, onde 25 pessoas foram mortas pelo esquadrão da morte Grupo Colina, que estaria sob suas ordens. Fujimori também foi considerado culpado pelo envolvimento nos sequestros do jornalista Gustavo Gorriti e do empresário Samuel Dyer, em 1992. O julgamento marcou a primeira vez que um ex-presidente latino-americano foi condenado em seu próprio país por crimes contra os direitos humanos.
Após 16 anos de prisão, o Tribunal Constitucional do Peru ordenou sua libertação em dezembro do ano passado, contrariando uma resolução da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Fujimori ocupou a presidência peruana entre 1990 e 2000. Em 1992, promoveu um autogolpe que levou ao fechamento do Congresso Nacional. Além das violações aos direitos humanos, seu governo foi marcado por uma série de escândalos de corrupção.
Estratégia política de Keiko Fujimori
Para o jornalista peruano César Hildebrandt, o Júri Nacional Eleitoral (JNE), responsável pelo registro de candidaturas no país, não permitirá ao Força Popular que Alberto Fujimori represente o partido nas próximas eleições. Keiko Fujimori estaria ciente do impedimento do pai, mas pretende lançá-lo como parte de uma estratégia política.
"A mudança é clara. Keiko sabe que o pai dela está vetado. Ele propõe, ele se intromete, ela anuncia com alegria, ela sabe que não vai conseguir e fica então como herdeira dessas expectativas", disse, ao La Republica.
Segundo Hildebrandt, Keiko "entra em cena, digamos, já com o fluxo emocional imaginário, segundo ela, poderoso do pai. Movimento perfeito. O pai banido. O patriarca que teve a porta fechada. Então, ela assume, sacrificando-se pela quarta vez para se tornar presidente e redimir a família".
O advogado criminalista peruano Andy Carrión, também ao La Republica, aponta que há uma impossibilidade jurídica na postulação do ex-ditador. “Existem duas normas e uma sentença que impedem isso, sendo a mais importante o artigo 34-A da Constituição, que impossibilita a candidatura de um condenado a cargo público. É muito claro e tem caráter constitucional”, pontua.