"NÃO PASSARÃO"

Eleições na França: população toma as ruas contra a extrema direita após primeiro turno

Primeiros resultados apontam vitória do Reunião Nacional (RN), partido de Marine Le Pen, mas esquerda e centro fecham aliança que pode impactar segundo turno

População protesta na França contra a extrema direita após eleições.Créditos: Reuters/Folhapress
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Milhares de pessoas saíram em protesto pelas ruas da França, entre a noite deste domingo (30) e madrugada desta segunda-feira (1), contra a extrema direita do país após os resultados das eleições legislativas. As primeiras sondagens apontam vitória do Reunião Nacional (RN), legenda que reúne extremistas como Marine Le Pen. 

Apesar da extrema direita, em números absolutos, ter vencido no primeiro turno, não obteve maioria: o Reunião Nacional teve 34% dos votos; o Nova Frente Popular, bloco de esquerda, formado pelo Partido Socialista, Verdes e França Insubmissa, atingiu 28%; já o Renascimento, partido de centro liderado pelo presidente Emmanuel Macron, teve 20,8%

O bloco de esquerda e o liderado por Macron devem formar uma aliança que pode vencer o segundo turno das eleições legislativas no próximo domingo (7) e frear o avanço da extrema direita. Ainda assim, o partido Reunião Nacional e seus aliados do Partido Republicano devem eleger a maior bancada do parlamento francês: entre 230 e 280 parlamentares. 

A maior manifestação contra a extrema direita registrada neste domingo aconteceu na capital Paris. Milhares de pessoas marcharam pelas ruas da cidade aos gritos de "não passarão".

Manifestação contra a extrema direita em Paris (Foto: Reuters/Folhapress)

Veja vídeos: 

Aliança entre esquerda e centro

A extrema direita está liderando as eleições francesas legislativas por considerável margem na maioria das cadeiras disputadas no pleito deste domingo (30). Mas boa parte dos distritos eleitorais possui segundo turno, que pode ser entre dois ou três candidatos. O "run-off" triplo ocorre quando nenhum candidato obtém a maioria absoluta.

Os dois primeiros candidatos e outro que tenha recebido mais de 12,5% dos votos de eleitores registrados vão para a disputa final, que ocorre no próximo domingo (7).

O primeiro-ministro do país e líder do partido de Emmanuel Macron, Gabriel Attal, anunciou que seu partido abandonará as candidaturas em que estiverem em terceiro lugar para formar uma 'frente ampla' contra a extrema direita do Reunião Nacional.

"Nenhum voto para o RN. Os candidatos macronistas vão abandonar o 2º turno, em todos os lugares que eles tiverem em 3ª posição", disse Attal.

O ex-presidenciável e líder do partido França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, que falou em nome da coalizão de esquerda, afirmou que seu partido também fará o mesmo.

"Nossas instruções são simples, diretas e claras. Nenhum voto a mais, nenhum assento a mais para o RN", acrescentou Mélenchon.

A coalizão entre centro e esquerda não significa, necessariamente, que isso se repita no parlamento. A única missão, neste momento, é barrar uma vitória de Le Pen, mas não governar juntos após a definição dos resultados.

A probabilidade é que o parlamento francês fique completamente estagnado nos próximos dois anos, até que novas eleições ocorram em 2027.