Normalmente, quando a imprensa fala de um integrante de alguma das 10 famílias reais reinantes na Europa, o nobre de “sangue azul” é retratado numa vida nababesca, cheia de frescuras e participando de cerimônias, atos público e festas. No entanto, há quase dois anos, uma dessas figuras, com significativa importância, vive dias difíceis e totalmente enclausurada.
Trata-se de Catharina Amalia Beatriz Carmen Vitória, ou apenas Amalia de Orange, a “princesa de Orange”, título dado à pessoa que ocupa o posto de herdeiro do trono da Holanda (formalmente “Países Baixos”). Com 20 anos, ela está trancada quase 24 horas por dia no Palácio de Huis tem Bosch, na Haia, residência oficial do rei Willem-Alexander e da rainha consorte Maxima, seus pais.
Em resumo, até 2022 a princesa levava uma vida “normal” para uma herdeira de trono europeu. Terminou os estudos básicos, chegou a “trabalhar” num bar à beira-mar na localidade de veraneio de Scheveningen, na própria Haia, e iniciou sua educação superior como aluna de política, psicologia, direito e economia na Universidade de Amsterdã. Claro, ela é filha de um rei, que é chefe de Estado, e como tal recebia uma proteção mínima no dia a dia.
Só que a coisa começou a mudar quando as autoridades da Holanda, assim como de outros países da Europa, endureceram as investigações e operações contra uma das organizações criminosas mais poderosas do continente, conhecida como Mocro Maffia, que atua em território holandês, cujos integrantes são majoritariamente marroquinos. A Mocro Maffia é o grupo responsável pelas remessas de cocaína que entram na Europa saindo de portos sul-americanos, como os do Brasil.
Para demonstrar poder, os integrantes dessa organização criminosa passaram a “bolar” sequestros ou assassinatos de autoridades importantes da Holanda. Os planos foram descobertos em interceptações com autorização judicial, a partir de 2022, e entre os nomes estavam o do primeiro-ministro do país, Mark Rutte, e o da princesa herdeira Amalia de Orange. A descoberta deixou seus pais, e a polícia, preocupadíssimos. Numa decisão familiar, a jovem foi então enviada à Espanha, onde ficou hospedada no Palácio Zarzuela, residência do rei Felipe VI e da rainha consorte Letizia, amigos do casal real da Holanda.
Entretanto, uma espécie de “gafe” da Justiça da Espanha, ocorrida em abril deste ano, fez com que um magistrado estipulasse fiança e, com o pagamento, colocasse em liberdade o líder máximo da Mocro Maffia, Karim Bouyakhrichan, preso por operar um patrimônio colossal de mais de 50 milhões de euros por meio de mais de 170 imóveis de luxo na região da Costa do Sol, no litoral mediterrâneo da nação ibérica. Com a liberdade de Bouyakhrichan, quem passou a ficar trancada foi Amalia, que agora passa praticamente 24 horas por dia dentro do Palácio de Huis tem Bosch, cercada de guarda-costas e policiais.
As autoridades holandesas e de outras nações, assim como a Europol e a Interpol, vêm tentando de todas as formas prender as principais lideranças da Mocro Maffia para reduzir as ameaças e permitir que a futura rainha dos Países Baixos retome sua rotina.