Durante entrevista ao UOL nesta quarta-feira (26), o presidente Lula enquadrou o argentino Javier Milei após um frio aperto de mãos entre os dois principais chefes de estado da América do Sul no G7.
Questionado sobre um encontro bilateral com o mandatário argentino, Lula foi enfático ao dizer que não conversará com Milei sem antes um legítimo pedido de desculpas, afinal, Milei fala “muita bobagem”.
“Eu não conversei com o presidente da Argentina porque acho que ele tem que pedir desculpas ao Brasil e a mim, ele falou muita bobagem, só quero que ele peça desculpas”, afirma.
“A Argentina é um país muito importante para o Brasil, e o Brasil é muito importante para a Argentina. Não é um presidente da República que vai criar uma cizânia entre Brasil e Argentina. O povo argentino e povo brasileiro são maiores que os presidentes. Se o presidente da Argentina governar a Argentina já está de bom tamanho. E não tentar governar o mundo”, completou Lula.
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As besteiras de Milei
Durante seu tempo como candidato à presidência argentina, Javier Milei fez diferentes ataques contra Lula, chamando o brasileiro de “comunista”, “ex-presidiário” e “ladrão”, seguindo a cartilha escrita do bolsonarismo.
Milei ainda afirmou que não negociaria com o governo brasileiro por se tratar de um “governo comunista”, algo que incomodou profundamente o governo Lula, mas também a China, que foi colocada no balaio dos países que Milei considerou cortar.
A realidade que se impôs a Milei é que a China é seu maior comprador e o Brasil o seu maior parceiro comercial. Sem os comunistas, fica difícil conseguir receitas de curto prazo e avançar no seu projeto econômico.
O governo argentino já enviou cartas implorando para conversar com Lula e quer reatar as relações em alto nível. Mas o governo brasileiro não quer saber.
Milei também ofendeu recentemente o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez e sua esposa, a quem chamou de corrupta. Agora, a relação entre os países está completamente desgastada.
Lula, que é amigo de Sánchez e também enxerga em Milei uma figura abjeta, sabe que se sentar com o argentino seria uma vitória para o extremista de direita. Afinal, não tem sangue de barata.
Em conferência, o porta-voz do governo Milei, Manuel Adorni, afirmou que o presidente não tem do que se arrepender, e, portanto, não haverá desculpas.