TRAGÉDIA

Não é só calor: Peregrinação a Meca já tem 1.300 mortos e há outro problema grave

Muçulmanos de todo planeta vão à cidade saudita anualmente no Hajj, quando calor extremo é natural por razões geográficas. No entanto, entenda o que está por trás de tantos óbitos

Meca, na Arábia Saudita, durante a peregrinação do Hajj.Créditos: Saudi Press Agency (SPA)/Governo da Arábia Saudita
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O número de mortos na peregrinação religiosa do Haji, sagrada para os muçulmanos, que anualmente vão a Meca, na Arábia Saudita, já chegou a 1.300. A mortandade é notícia em todo o mundo pelas cifras absurdas causadas pelo calor extremo do deserto onde fica o território deste país. Mas o problema não é só a temperatura. Ela causa a morte, por óbvio, mas um fator está piorando tudo este ano.

Um dos cinco pilares do islamismo, visitar o local onde está a Caaba, e por consequência a “Pedra Negra”, ponto máximo de devoção para os seguidores da religião, é algo que se repete por séculos. Mortes no ritual são “normais”, muitas vezes por pisoteamento, assim como por calor, já que a sensação térmica no local passa de 50°C. Só que tudo vem ficando bem pior por conta de agências clandestinas de turismo que levam muçulmanos de vários países para Meca sem fornecerem os requisitos mínimos para tal empreitada desafiadora.

Muitos visitantes, e até autoridades sauditas, vêm reclamando da quantidade de empresas verdadeiramente criminosas que oferecem esses serviços. Quem vai por uma agência regularizada já é recebido no aeroporto de Jedá, o mais próximo das cidades sagradas de Meca e Medina, com ônibus com aparelhos de ar-condicionado potentes. Ao chegar ao destino religioso, os “turistas” são levados a tendas com refrigeração, onde permanecem descansando dorme após a peregrinação. Essas firmas também colocam a disposição socorristas, ambulâncias e serviços de emergência para quem eventualmente passe mal no trajeto.

No domingo (23), o ministro da Saúde da Arábia Saudita, Fahd bin Abdurrahman Al-Jalajel, fez um pronunciamento na TV estatal do país para advertir os peregrinos sobre o problema e revelou que levantamentos oficiais mostram que, neste ano, dos 1.300 mortos, 83% eram de pessoas sem as permissões adequadas para a viagem, ou seja, contratantes de agências clandestinas.

Por outro lado, as agências irregulares simplesmente buscam os clientes no aeroporto em veículos de grande porte comuns e largam os visitantes nas cercanias de Meca, onde todos ficam expostos às temperaturas tórridas. As pessoas, muitas vezes, sequer conseguem chegar perto da mesquita, ficando desmaiadas no meio do caminho. Agências internacionais de notícias e do mundo árabe têm reportado dezenas de corpos jogados nas vias públicas no percurso dos peregrinos.