O Vaticano sediava a Conferência Episcopal Italiana no último dia 20, ocasião em que o Papa Francisco se reunia com os bispos de todo o país onde está a sede da Igreja Católica. Em meio ao seu pronunciamento, o Sumo Pontífice foi fazer uma consideração sobre um velho assunto entre o clero apostólico romano: a presença de sacerdotes homossexuais e de práticas libidinosas não condizentes com o voto do celibato. Só que a abordagem causou estranheza. Na verdade, muita estranheza.
“Já existe viadagem demais nos seminários”, teria dito o Papa, para a incredulidade dos mais de 200 bispos (e alguns poucos padres) presentes na conferência. No momento da fala, o idioma usado por Francisco era o italiano e o termo empregado, “frociaggine”, seria algo como “viadagem” ou “bichice” em português. O silêncio foi total e o constrangimento absoluto. Não havia a presença de repórteres ou outros profissionais de imprensa na sala onde ocorria o ato.
No entanto, mesmo sem o testemunho de jornalistas, a informação correu rapidamente e chegou aos principais veículos italianos, como a agência ANSA, o “La Repubblica” e o “Corriere della Sera”, que reportaram o fato imediatamente, uns atribuindo a bispos que não quiseram ter a identidade revelada, enquanto outros apostaram em “fontes inespecíficas”.
A sala de imprensa do Vaticano não se pronunciou até o momento sobre a frase do Papa, mas alguns emissários ligados à Santa Sé tentaram contextualizar o fato, dizendo que Francisco tem como língua materna o espanhol, embora fale muito bem e fluentemente o italiano, o que não teria evitado que ele usasse uma palavra de forma equivocada, sem ter a real noção se seu significado e estigma.
O episódio causou estranheza porque, em vias gerais, o atual líder da Igreja Católica tem feito muitos sinais de aproximação com a comunidade LGBTQIA+ nos últimos anos, quando por exemplo permitiu a benção a casais homossexuais, disse que “ser homossexual não é crime” e que “não seria ele a julgar alguém é homossexual mas busca a Deus”.