A ex-presidenta Dilma Rousseff, que atualmente comanda o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como Banco dos Brics por ser a instituição financeira ligada ao bloco composto por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul, desmentiu a informação de que os recursos anunciados para a reconstrução do Rio Grande do Sul, gravemente afetado por enchentes decorrentes das mudanças climáticas, teriam sido aprovados durante o governo de Jair Bolsonaro.
Na última semana, Dilma foi às redes sociais para anunciar um crédito de R$ 5,750 bilhões em socorro ao Rio Grande do Sul, destacando sua ligação com o estado que a acolheu há 50 anos e o desejo de ajudar na sua recuperação, num trabalho em conjunto com os governos estadual e federal.
Poucos dias depois, entretanto, começou a circular nas redes sociais de perfis da extrema direita, a partir de texto assinado por José Fucs no site do jornal O Estado de S. Paulo, a informação de que a maior parte dos recursos do banco dos Brics anunciados por Dilma ao RS teriam sido aprovados antes de sua gestão na instituição. Isto é, o crédito teria sido negociado, de acordo com o periódico, pelo antecessor da petista no banco, Marcos Troyjo, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
"Crédito do NDB para o RS, anunciado por Dilma como um feito seu, foi aprovado no governo Bolsonaro", diz o título do texto publicado no Estadão na última quinta-feira (16).
A assessoria de imprensa de Dilma Rousseff, então, desmentiu a informação nesta terça-feira (21) em nota oficial, detalhando como se deu a liberação do crédito bilionário e expondo que os recursos não foram aprovados durante o governo Bolsonaro.
"Ao contrário do que insinuam expoentes da extrema direita brasileira, os recursos anunciados há uma semana por Dilma Rousseff não foram aprovados na vigência do governo Bolsonaro. As operações para a concessão de empréstimo são bem mais recentes. A mais antiga é de novembro de 2023. A mais nova, de março deste ano. Do total de US$ 1,115 bilhão para o Rio Grande do Sul, US$ 795 milhões — US$ 500 milhões do BNDES e US$ 295 milhões do BRDE — são de operações aprovadas, respectivamente, em 14 de novembro de 2023, pelo Senado Federal, e em março de 2024, pela Comissão de Financiamentos Externos do Ministério do Planejamento", diz um trecho do comunicado.
"Cabe ainda destacar que outros US$ 200 milhões anunciados pela presidenta Dilma Rousseff, que serão investidos diretamente pelo NDB, dependem de projetos a serem submetidos pelas autoridades brasileiras ao chamado Banco dos BRICS. Ou seja, são operações ainda mais recentes. Do total, US$ 995 milhões são operações feitas sob a gestão de Dilma Rousseff. Quanto às operações “antigas” — US$ 100 milhões do BB e US$ 20 milhões do BRDE — ambas foram direcionadas exclusivamente agora para o Rio Grande do Sul", prossegue a nota de Dilma.
A assessoria da presidenta do banco dos Brics chama atenção, ainda, para o fato de que Dilma melhorou a situação da instituição desde que assumiu seu comando, visto que o NDB enfrentava "duras condições financeiras" até março abril de 2023.
Confira abaixo a íntegra da nota
"Nota à imprensa
1. A assessoria de imprensa de Dilma Rousseff, presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), esclarece alguns detalhes das operações de empréstimo anunciadas para o enfrentamento da calamidade pública no Rio Grande do Sul, em razão das cheias e fortes chuvas.
2. Ao contrário do que insinuam expoentes da extrema direita brasileira, os recursos anunciados há uma semana por Dilma Rousseff não foram aprovados na vigência do governo Bolsonaro. As operações para a concessão de empréstimo são bem mais recentes. A mais antiga é de novembro de 2023. A mais nova, de março deste ano.
3. Do total de US$ 1,115 bilhão para o Rio Grande do Sul, US$ 795 milhões — US$ 500 milhões do BNDES e US$ 295 milhões do BRDE — são de operações aprovadas, respectivamente, em 14 de novembro de 2023, pelo Senado Federal, e em março de 2024, pela Comissão de Financiamentos Externos do Ministério do Planejamento.
4. Cabe ainda destacar que outros US$ 200 milhões anunciados pela presidenta Dilma Rousseff, que serão investidos diretamente pelo NDB, dependem de projetos a serem submetidos pelas autoridades brasileiras ao chamado Banco dos Brics. Ou seja, são operações ainda mais recentes.
5. Do total, US$ 995 milhões são operações feitas sob a gestão de Dilma Rousseff. Quanto às operações “antigas” — US$ 100 milhões do BB e US$ 20 milhões do BRDE — ambas foram direcionadas exclusivamente agora para o Rio Grande do Sul.
6. Por fim, é necessário apontar as duras condições financeiras em que Dilma recebeu o NDB, ao assumir o cargo em abril de 2023. Um banco só empresta e faz investimentos com recursos que levanta no mercado. Ora, sob a gestão anterior, conduzida pelo indicado à presidência do Banco dos Brics pelo governo Bolsonaro, o NDB não fez nenhuma emissão de títulos no mercado de capitais em dólar durante 15 meses — de dezembro de 2021 a março de 2023. Os títulos em yuan também não foram emitidos ao longo de sete meses.
7. Até Dilma Rousseff assumir a presidência, o NDB enfrentava uma séria crise de liquidez. A capacidade de apoiar novos investimentos para os membros — além do Brasil e os demais sócios do banco — permaneceu extremamente limitada pela falta dos recursos para investir, justamente em um momento em que os países mais precisavam destes novos recursos.
8. Foi apenas sob a direção de Dilma Rousseff que o NDB superou a restrição de liquidez. Desde sua chegada, o banco voltou ao mercado de capitais inúmeras vezes. A própria agência de risco Fitch reconheceu a superação dos problemas de liquidez e mudou a perspectiva de risco do NDB de “negativa” para “estável”. Ao longo de 2023 até maio de 2024, o Banco dos Brics levantou US$ 9 bilhões.
9. O NDB é agora um banco bem capitalizado e pouco alavancado, com uma fila de projetos de financiamento para os seus sócios. E continua indo ao mercado. O Banco dos BricsS priorizou o Rio Grande Sul pelo seu compromisso com o enfrentamento de desastres naturais e pela solidariedade ao povo gaúcho neste momento de crise.
10. Ainda sobre as condições de operação do NDB, cabe esclarecer que o antecessor deixou o banco, em Xangai, em março de 2022, e não mais retornou até deixar a presidência do Banco dos Brics, em 24 de março de 2023.
Assessoria de Imprensa Dilma Rousseff"
Outra fake news desmentida
A ex-presidenta do Brasil Dilma Rousseff utilizou suas redes para desmentir uma informação publicada em diversos veículos de imprensa sobre o relatório Brasil 2040.
O estudo previu diferentes cenários para as mudanças climáticas no Brasil, inclusive fortes enchentes no Rio Grande do Sul, como as que têm afetado o estado desde o início de maio.
BBC, O Globo e Antagonista publicaram reportagens dizendo que o estudo teria sido "engavetado". O Globo chegou a afirmar que o levantamento não foi utilizado para a elaboração de políticas públicas.
Nas redes, a ex-presidente negou diretamente a informação e mostrou que, na verdade, o estudo foi sim utilizado para elaboração de políticas.
"A assessoria de imprensa da ex-presidenta Dilma Rousseff rechaça a notícia de que o documento ‘Brasil 2040’, relatório produzido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE) tenha sido “engavetado” pelo governo federal", afirmou.
"Tal informação não procede e ignora a tramitação do estudo, que resultou na política do governo brasileiro para o enfrentamento das mudanças climáticas", continuou a nota
Segundo a presidente, o estudo foi utilizado para a elaboração do Plano Nacional de Adaptação Climática (PNA) e para a formulação do Plano Plurianual (PPA) 2016, promulgado antes do golpe contra Dilma.
"Tais documentos e informações tornaram-se ainda a base para o compromisso assumido pelo governo brasileiro no Acordo de Paris, realizado em dezembro de 2015", completou a presidenta.