Nesta quarta-feira (1), foi confirmada a morte de Josh Dean, delator da investigação feita contra a Boeing por questões de segurança na aeronave 737 Max.
Dean trabalhava em uma fornecedora da gigante das aeronaves, a Spirit AeroSystems, e, segundo fontes, faleceu por consequências de uma infecção generalizada grave. Ele é o segundo delator falecido desde março.
Em 12 de março, John Barnett, engenheiro que trabalhou na Boeing por 32 anos e também delator do caso, foi morto após uma "lesão autoinfligida".
Ambos eram peças-chave em uma investigação que busca entender as motivações por trás das falhas de segurança nas aeronaves, utilizadas em voos comerciais e militares ao redor do mundo.
A Boeing é a maior fabricante de aviões do planeta e possui investimento em áreas militares, espaciais e comerciais. A revelação de problemas de segurança tem afetado drasticamente a confiança da empresa, que passa por um turbilhão econômico e político.
Problemas da Boeing
O histórico de segurança da empresa tem sido manchado por uma série de incidentes e acidentes, incluindo dois acidentes fatais nos voos Lion Air Flight em outubro de 2018, na Indonésia, e no voo 302 da Ethiopian Airlines, em 10 de março de 2020. As duas quedas causaram 346 mortes.
A Agência de Aviação dos EUA (FAA) também apontou problemas de segurança com o equipamento de degelo nos modelos 737 Max e 787 Dreamliner, que poderiam causar perda de empuxo nos motores.
Os whistleblowers têm indicado que os cortes de custos sobre preocupações com segurança aumentaram os incidentes dos aviões.
A regulação da Boeing pela FAA também foi questionada, com alguns argumentando que a prática da agência de permitir que os fabricantes se "auto-certifiquem" de que seus aviões atendem às regulamentações de segurança contribuiu para os problemas de segurança da empresa.
Os problemas de segurança da Boeing tiveram implicações financeiras significativas, incluindo uma queda de 30% no valor de suas ações e uma queda de quase US$ 50 bilhões em sua capitalização de mercado.
A reputação da empresa e os relacionamentos com companhias aéreas e reguladores estão em risco, tornando uma reviravolta difícil. Os futuros executivos da Boeing têm uma tarefa difícil pela frente para restaurar a confiança das companhias aéreas, reguladores e passageiros.
A morte dos dois delatores tem causado suspeitas ainda maiores em cima da empresa, que tenta resistir aos problemas econômicos recentes. E ainda queriam entregar a Embraer para eles...