TERCEIRA GUERRA

EUA fazem duro alerta sobre Rússia, China, Irã e Coreia do Norte

Depois do encontro do G7 na Itália

Reforço.Os EUA aprofundaram laços militares com as Filipinas com o objetivo de "conter" a China.Créditos: Reprodução
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O secretário de Estado Antony Blinken fez um duro discurso com alertas à China ao encerrar sua participação na reunião do G7 na ilha de Capri, na Itália.

Ele relacionou de forma direta a guerra da Ucrânia com as tensões no mar do Sul da China e na península da Coreia.

Na fala, prometeu apertar as sanções econômicas contra o Irã, por conta do ataque iraniano com drones e mísseis contra território de Israel.

Não comentou, porém, a retaliação que Israel fez nas últimas horas, dizendo apenas que os Estados Unidos nada tiveram a ver com o ataque.

O Irã bateu recorde de exportação de petróleo nos últimos meses, quase todo para a China.

Além disso, é fornecedor de drones usados pela Rússia na Ucrânia.

Outro aliado russo na ofensiva contra Kiev é a Coreia do Norte, que fornece peças de artilharia ao governo de Vladimir Putin.

Por conta disso, a Rússia vetou a renovação de um painel da ONU que monitora o desenvolvimento de mísseis e armas nucleares pelo regime de Kim Jong un.

A China se absteve na votação.

Visitando a zona desmilitarizada na fronteira com a Coreia do Sul, a embaixadora dos EUA à ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse esta semana:

Pedimos à Rússia e à China que revertam o curso e, mais uma vez, exortem Pyongyang a escolher a diplomacia e a comparecer à mesa de negociações para se comprometer com um diálogo construtivo.

O líder da Coreia do Norte pilotou um tanque em recente manobra militar. Agência KCNA

Depois de ser visto dirigindo um tanque numa manobra militar, segundo a Agência Central de Notícias da Coreia do Norte (KCNA) o líder norte coreano falou que seu país está preparado para a guerra.

No início do mês, a Coreia do Norte testou um míssil hipersônico que voou quase 600 quilômetros, antes de cair em águas internacionais a meio caminho do Japão.

O míssil teria capacidade de atingir Guam, a principal base militar dos EUA no Pacífico, de acordo com o diário New York Times.

APOIO À UCRÂNIA

Neste sábado 20, depois de intenso lobby do governo de Joe Biden, o Congresso dos EUA deve aprovar um pacote de U$ 95,3 bilhões de ajuda militar à Ucrânia, Israel e para ações de contenção da China no Pacífico.

Em sua fala de hoje, Blinken mirou a opinião pública e disse que o dinheiro seria investido na indústria de armas dos EUA, "o que significa bons empregos".

Blinken também apoiou o uso de fundos sequestrados da Rússia, depois que as relações entre o Ocidente e Moscou foram congeladas, para armar a Ucrânia.

Nas últimas semanas, com superioridade aérea, de tropas e artilharia, as forças russas tem avançado continuamente.

O lobby armamentista dos EUA tem usado isso como argumento para dizer que, se conquistar a Ucrânia, Moscou em seguida pode atacar outros países europeus, repetindo a teoria do dominó usada durante a guerra do Vietnã.

ALERTAS À CHINA

Blinken usou boa parte de sua fala para advertir a China.

Recentemente, o presidente Joe Biden fez uma cúpula com Japão e Filipinas na Casa Branca.

Os EUA reformaram uma base aérea filipina que fica a apenas 400 km de Taiwan.

A aliança cogita a passagem de tropas japonesas, em base de rotação, pelas Filipinas, da mesma forma que já fazem soldados estadunidenses.

Washington alega que seu objetivo é apenas "manter aberta" a navegação no mar do Sul da China, que é a principal artéria comercial de Beijing.

Ao tocar no assunto, Blinken disse:

Aqui é instrutivo o apoio que a Rússia tem recebido da China, da Coreia do Norte e do Irã, o que demonstra que a segurança na Europa, segurança na Ásia e em outras partes do mundo é indivisível, são profundamente conectadas.

Blinken informou que o G7 está unido na defesa da segurança no estreito de Taiwan, no mar do Sul da China e na península das Coreias e também contra o que definiu como práticas de mercado "injustas" da China, "de inundar nossos países com produtos e tecnologias que são fortemente subsidiados, empurrando nossos próprios negócios para fora do mercado".

Este alerta, de que a China estaria explorando sua capacidade industrial em detrimento do Ocidente, também foi feito pelo chanceler alemão Olaf Scholz em visita a Beijing.

Respondendo a uma pergunta, Blinken disse que deixou claro para a China que o país não deve fornecer armas à Rússia.

O que temos visto não é apenas o fornecimento direto [de armas, por parte do Irã e Coreia do Norte], mas de componentes para a base industrial da Rússia, o que permite a contínua agressão contra a Ucrânia e também ajuda a Rússia a reconstruir sua capacidade de defesa, que sofre com os danos causados pela Ucrânia mas também com nossas sanções e controles de exportação. A China não pode ter os dois: relações amigáveis com países da Europa e alimentar a maior ameaça à segurança [europeia] desde o fim da Guerra Fria.

Por motivos eleitorais, o governo Biden cogita aumentar para 25% as tarifas em produtos de aço e alumínio que os EUA importam da China.

Blinken desembarca dia 23 em Beijing para quatro dias de conversações.

Ao se dizer satisfeita com a visita, a porta-voz chinesa Lin Jian mandou um petardo:

Por uma questão de princípio, exigimos consistentemente que os Estados Unidos respeitem os princípios da concorrência leal, as regras da Organização Mundial do Comércio e parem imediatamente com as medidas protecionistas comerciais dirigidas à China.